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COMUNIDADE CATÓLICA DE MINECRAFT - A UMA DÉCADA A SERVIÇO DA IGREJA

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Homilia Papal | Missa de Entronização

 

 

HOMILIA DO SANTO PADRE
NA OCASIÃO DA MISSA DE INÍCIO
DO SERVIÇO APOSTÓLICO

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A fé é a manifestação da força de Deus em nossas fraquezas.

Queridos irmãos, a liturgia de hoje é riquíssima para nos apresentar uma coisa que muitas vezes em nosso dia a dia nos falta e nós não percebemos. Uma virtude teologal importantíssima para a vida do cristão, para a vida daquele que se diz seguidor de Cristo: a fé. A fé, como virtude teologal, sempre deve estar acompanhada das outras duas virtudes: a caridade e a esperança. 

E nós vemos na liturgia de hoje, no Evangelho, na primeira leitura, coisas similares. O Evangelho de hoje nos fala sobre a cegueira dos conterrâneos de Jesus, que não reconheciam nele o Filho de Deus, a figura daquele que é o Filho de Deus Pai. E na primeira leitura, semelhante ao Evangelho, na profecia de Ezequiel, Deus diz: «a estes filhos de cabeça dura e coração de pedra vou te enviar e tu lhes dirás: “Assim diz o Senhor Deus”. Quer te escutem, quer não ficarão sabendo que houve um profeta entre eles» (Ez 2, 4-5). Jesus é este profeta que passa. Um profeta que é o próprio Deus, mas que por amor se revela a nós. 

Mas, para que nós percebamos as ações de Deus no nosso dia a dia, devemos fazer como o salmo responsorial de hoje, que diz: «os nossos olhos estão fitos no Senhor» (Sl 122). Nossos olhos devem estar admirados, mirados e, além disso, fitos, fitados, arraigados a Deus. Porque, sem isto, se nós desviarmos o nosso olhar de Deus, fazemos como quando Jesus está sobre as águas, e chama a Pedro para que também ele fique sobre as águas. Mas Pedro deixa de olhar para Jesus e começa a afundar. E, no mesmo instante, com medo, Pedro pede ao Senhor que o levante. 

O problema de Pedro foi olhar para os lados – e, muitas vezes, o nosso problema é o mesmo. Ao invés de fitar os nossos olhos em Deus, olhamos para o nosso redor, para os nossos problemas, para as adversidades, e esquecemos que o nosso caminho é Cristo e não os nossos problemas. Não são os princípios os problemas da nossa vida, mas o princípio deve ser sempre Jesus Cristo.

Amai o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças (cf. Lc 10,27). Este é o primeiro mandamento. Por isso, quando nós vemos hoje o Evangelho e a beleza de ter uma fé intrinsecamente ligada ao amor de Deus, devemos nos lembrar do que São Tiago nos disse: « A fé sem obras é morta » (Tg 2,17). Mas, no Evangelho de hoje, Jesus está lá, visitando desta vez a sua cidade, visitando os seus. Mas eles que pensam que conhecem Jesus, verdadeiramente não o conhecem, não percebem que ele é o Messias. Por quê? Por que eles não reconhecem Jesus, o Messias, se ele faz tantos milagres, se ele faz tantas obras? Porque, meus irmãos, para reconhecer as obras de Deus, é necessária a fé. 

Jesus fica abismado, se admirava com a incredulidade deles (cf. Mt 6,6), e é essa incredulidade que faz com que eles fiquem cegos às ações de Deus. Por isso, tantas vezes, nós no nosso dia a dia, perguntamos a nós mesmos, onde está Deus quando eu estive nessa adversidade? Onde está Deus quando eu estive neste problema? estive nessa diversidade? Onde está Deus quando estive neste problema? Onde estava Deus?

Irmão, Deus estava do seu lado e você não o reconheceu porque faltava ali a fé no seu coração. Muitas vezes não é Deus que se ausenta, mas é a nossa fé que se ausenta da presença de Deus – e é esta a verdade. Como dizia aquela música de Padre Antônio Maria, “Pegadas na areia”: ali, naquela figura principal, o homem não vê, não percebe a ação de Deus. 

- Ele está numa praia, vendo o céu, vê toda a sua vida, vê no chão as marcas de duas pessoas, a dele e a de Jesus. Chega um momento que na sua vida, nos problemas difíceis, nas adversidades mais difíceis de sua vida, só há a pegada de uma pessoa. E ele logo olha para as pegadas no chão e pergunta: não te entendo, meu Senhor, nos momentos mais difíceis eu não vejo as tuas marcas. Por que me deixaste só? E aí Jesus responde: os passos, meu filho, são só meus, eu jamais te abandonei. É que nos momentos mais difíceis de viver, nos meus braços te levei.

O homem ali não conseguiu ver que Jesus estava o carregando. Ele não percebeu que não era ele quem estava andando, mas era Deus que o segurava pela mão. Mas faltava-lhe o quê para ver isto? A fé. Faltava-lhe crer. Faltava-lhe a atitude do cristão, do cristão que se torna uma das mais bonitas bem-aventuranças: bem-aventurados aqueles que creem mesmo sem terem visto (cf. Jo 20,29). 

Se falta-nos a fé, nossa vida será como a de um ateu qualquer, que pensa que Deus não existe porque não vê. Não percebe Deus porque não tem fé. 

E, para amparar a segunda leitura, as obras de Deus em nossa vida são méritos somente dele. Nunca podemos nos engrandecer pelos prodígios que a misericórdia de Deus nos tem dado. E, além do mais, as obras de Deus manifestam-se muitas vezes quando estamos mornos. É na nossa fraqueza que Deus manifesta a sua grande força. É nas nossas quedas que Deus olha para nós com bondade e nos diz: levanta-te e anda – como nos falou o Evangelho de quinta-feira passada (cf. Mt 9,5-6). A fortaleza, dom do Espírito Santo, manifesta-se nas nossas terríveis fraquezas.

E, nesta oportunidade de celebrar a missa de entronização, quero que todos vocês saibam que o nosso caminho daqui para frente, como igreja, deve ser este caminho de fé. Um caminho de ver as obras de Deus com os olhos da fé e, pela fé, também realizar as nossas obras. As obras são fruto da caridade, do amor, porque quem não tem amor não faz nada por ninguém. 

E, percebendo Ele no nosso dia a dia, possamos também, pela nossa fé que nos deu essa capacidade de o ver, fazer também nossas obras, fazer caridade, para que nossa esperança não seja vã. 

Em suma: Então, o que a liturgia de hoje nos fala?

Que a fé sem obras é morta. que as obras de Deus sem nossa fé, são imperceptíveis. E que as obras e dons em nossa vida são graça de Deus e não mérito nosso: é a fortaleza de Deus manifestando-se nas nossas fraquezas.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.




Ioannes Pavlvs Pp. VI


Praça de São Pedro, Cidade do Vaticano, sete de julho 2024