Prot. N.º 014/2025
CARTA-CIRCULAR
ACERCA DA LICITUDE E CONVENIÊNCIA PASTORAL
DA INSTITUIÇÃO DOS MINISTÉRIOS DE LEITOR E ACÓLITO
1. O Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, tendo recebido dubia apresentada por Exmo. e Revmo. Mons. Elias Tapia, outrora, até este encaminhamento, bispo auxiliar da Arquidiocese de León da Nicarágua, acerca da licitude e conveniência pastoral da instituição dos ministérios de Leitor e Acólito entre seminaristas e nas comunidades religiosas ou ademais de formação em nossa Comunidade, julgou oportuno realizar uma consulta pastoral dirigida aos Ordinários das diversas Igrejas particulares, a fim de discernir pastoral e liturgicamente sobre o tema.
2. Foram convidados a manifestar o seu parecer todos os bispos diocesanos e arcebispos metropolitanos, mas apenas três responderam à consulta. Tal número reduzido de respostas revela uma preocupante ausência de comunhão e de efetiva sinodalidade episcopal, justamente em um contexto em que a Sé Apostólica procurava promover uma reflexão colegial e compartilhada sobre uma matéria de interesse comum para a vida das comunidades e dos candidatos ao sacerdócio.
3. As respostas recebidas apresentaram a seguinte síntese:
I. Diocese de Nossa Senhora do Carmo (El Carmen): manifestou-se favorável, reconhecendo que a instituição dos ministérios poderia favorecer a formação litúrgica e a maturidade espiritual da Comunidade, desde que acompanhada por adequada formação e discernimento pastoral;
II. Diocese de Coxipó: apresentou parecer desfavorável, ressaltando que, por se tratar de uma Igreja ainda em formação e com reduzido número de clérigos, não se dispõe de estrutura suficiente para assegurar o acompanhamento e a estabilidade necessários à instituição dos ministérios;
III. Arquidiocese de León da Nicarágua: manifestou-se parcialmente favorável, sublinhando a utilidade prática da instituição de leitores e acólitos para o bom andamento das celebrações, mas insistindo na necessidade de formação doutrinal e litúrgica específica para os candidatos.
4. Após o exame atento das respostas e a devida discussão em sessão plenária, este Dicastério, presidido por seu Prefeito, Mons. Gänswein, manifestou parecer DESFAVORÁVEL quanto à execução e aplicação dos ritos de “Admissão entre os candidatos às Ordens Sacras” e de “Instituição dos ministérios de Leitor e Acólito” nas circunstâncias apresentadas.
5. As razões que fundamentam esta posição, dentre ou, são as seguintes, dignas de especial menção:
I. Na grande maioria das vezes e nos diversos casos, o período de formação dos seminaristas em nossa Comunidade é - e deve ser, de fato - curto e não comporta uma sólida preparação nos diversos campos, condição indispensável para a instituição estável e frutuosa dos ministérios. Assim, tais celebrações tenderiam a reduzir-se a um mero gesto simbólico, privado de densidade formativa. Mais ainda, este Dicastério viu que se tornaria uma usurpação dos ritos da Igreja.
II. Por índole própria, nos dias hodiernos, o leitorado pertence ao ministério laical, e, na prática pastoral das comunidades, os seminaristas já participam ordinariamente da proclamação da Palavra de Deus, sem necessidade de uma instituição formal que, neste contexto, não acrescentaria elementos substanciais à sua formação ou missão;
III. Considerando o amplo número de presbíteros e diáconos presentes nas celebrações, a instituição de acólitos entre seminaristas se apresentaria como redundante e até usurpadora - como acima citado (I) - de funções já legitimamente exercidas pelo clero ordenado.
IV. Nas comunidades de formação de natureza transitória, sobretudo aquelas que não possuem um clero residente e estável, torna-se difícil garantir a devida perseverança e o acompanhamento espiritual dos instituídos, contrariando o espírito de continuidade e serviço permanente que os ministérios supõem.
V. Antes de se introduzir tais celebrações em novos contextos formativos ou virtuais, é necessário um discernimento conjunto entre os pastores das diversas dioceses e, se possível, no âmbito das Conferências Episcopais, a fim de preservar a unidade da disciplina litúrgica e evitar disparidades regionais que possam fragilizar a comunhão eclesial.
6. Diante de tais considerações, o Dicastério recomenda vivamente que não se realizem os ritos de admissão dos candidatos entre as Ordens Sacras, nem as instituições dos ministérios de Leitor e de Acólito nas circunscrições eclesiásticas, comunidades religiosas ou ademais de formação em nossa Comunidade.
7. Contudo, este Dicastério não vê razões suficientes para proibir de modo absoluto tais celebrações, uma vez que não há impedimentos canônicos, doutrinais ou litúrgicos que as tornem ilícitas em si mesmas. Do mesmo modo, não há razões pastorais, disciplinares ou documentais que justifiquem sua aprovação e difusão amplas. Assim, a prudência e o discernimento pastoral devem prevalecer sobre qualquer iniciativa local, bem como o parecer da Sé Apostólica através deste Dicastério.
8. Por conseguinte, até que se alcancem condições mais maduras de formação eclesial e estabilidade pastoral, recomenda-se que os candidatos ao sacerdócio e as comunidades em questão sejam cuidadosamente acompanhados em seu crescimento espiritual e litúrgico, sem recorrer à instituição formal dos ministérios, evitando que estas práticas se convertam em meras expressões simbólicas desprovidas de verdadeiro sentido eclesial.
9. O Dicastério exorta ainda os Pastores a fortalecerem a comunhão e a sinodalidade episcopal, colaborando de modo mais efetivo com a Sé Apostólica nas consultas e discernimentos que dizem respeito à vida litúrgica da Igreja, especialmente em temas que tocam a formação dos futuros ministros ordenados.
† Erīcus Brennus Card. Bergoglio
Secretarius
————————————
RESCRIPTUM EX AUDIENTIA SS.MI
O Santo Padre, o Papa BENTO VIII, durante a audiência concedida ao acima assinado Arcebispo Prefeito deste Dicastério, a 12 de novembro de 2025, informado acerca do parecer aqui exposto, manifestou sua benevolência e acrescentou uma exortação pastoral, nestes termos:
Um conselho pastoral que dou: recomendo fortalecer a formação litúrgica e espiritual dos seminaristas e leigos, preparando um terreno mais sólido para que, no futuro, tais ministérios sejam vividos com profundidade e verdadeiro espírito de serviço à Igreja.
O Santo Padre, ao aprovar a presente Carta-circular, quer, de fato, encorajar todos os bispos a prosseguirem no empenho por uma formação integral, na qual a liturgia seja reconhecida como fonte e ápice da vida e da missão eclesial nesta Comunidade virtual.
Ex audientia die: 12/11/2025.
————————————————————————
ES
CARTA CIRCULAR
SOBRE LA LICITUD Y CONVENIENCIA PASTORAL
DE LA INSTITUCIÓN DE LOS MINISTERIOS DE LECTOR Y ACÓLITO
1. El Dicasterio para el Culto Divino y la Disciplina de los Sacramentos, habiendo recibido un dubium presentado por el Excmo. y Revmo. Mons. Elías Tapia, anteriormente —hasta este momento— obispo auxiliar de la Arquidiócesis de León de Nicaragua, acerca de la licitud y conveniencia pastoral de la institución de los ministerios de Lector y Acólito entre seminaristas y en las comunidades religiosas o de formación en nuestra Comunidad, consideró oportuno realizar una consulta pastoral dirigida a los Ordinarios de las diversas Iglesias particulares, a fin de discernir pastoral y litúrgicamente sobre el tema.
2. Fueron invitados a manifestar su parecer todos los obispos diocesanos y arzobispos metropolitanos, pero solo tres respondieron a la consulta. Tal número reducido de respuestas revela una preocupante ausencia de comunión y de efectiva sinodalidad episcopal, precisamente en un contexto en el que la Sede Apostólica procuraba promover una reflexión colegial y compartida sobre una materia de interés común para la vida de las comunidades y de los candidatos al sacerdocio.
3. Las respuestas recibidas presentaron la siguiente síntesis:
I. Diócesis de Nuestra Señora del Carmen (El Carmen): se manifestó favorable, reconociendo que la institución de los ministerios podría favorecer la formación litúrgica y la madurez espiritual de la Comunidad, siempre que estuviera acompañada de una adecuada formación y discernimiento pastoral;II. Diócesis de Coxipó: presentó parecer desfavorable, señalando que, tratándose de una Iglesia aún en formación y con reducido número de clérigos, no dispone de estructura suficiente para asegurar el acompañamiento y la estabilidad necesarios para la institución de los ministerios;
III. Arquidiócesis de León de Nicaragua: se manifestó parcialmente favorable, subrayando la utilidad práctica de la institución de lectores y acólitos para el buen desarrollo de las celebraciones, pero insistiendo en la necesidad de una formación doctrinal y litúrgica específica para los candidatos.
4. Tras el atento examen de las respuestas y la debida discusión en sesión plenaria, este Dicasterio, presidido por su Prefecto, Mons. Gänswein, manifestó parecer DESFAVORABLE respecto a la ejecución y aplicación de los ritos de “Admisión entre los candidatos a las Órdenes Sagradas” y de “Institución de los ministerios de Lector y Acólito” en las circunstancias presentadas.
5. Las razones que fundamentan esta posición, entre otras, son las siguientes, dignas de especial mención:
I. En la gran mayoría de los casos, el período de formación de los seminaristas en nuestra Comunidad es —y debe ser, de hecho— breve y no permite una sólida preparación en los diversos campos, condición indispensable para la institución estable y fructífera de los ministerios. Así, tales celebraciones tenderían a reducirse a un mero gesto simbólico, carente de densidad formativa. Más aún, este Dicasterio observó que podrían convertirse en una usurpación de los ritos de la Iglesia.
II. Por su naturaleza propia, en los tiempos actuales el lectorado pertenece al ministerio laical y, en la práctica pastoral de las comunidades, los seminaristas ya participan ordinariamente en la proclamación de la Palabra de Dios, sin necesidad de una institución formal que, en este contexto, no añadiría elementos sustanciales a su formación o misión.
III. Considerando el amplio número de presbíteros y diáconos presentes en las celebraciones, la institución de acólitos entre los seminaristas se presentaría como redundante e incluso usurpadora —como se mencionó anteriormente (I)— de funciones ya legítimamente ejercidas por el clero ordenado.
IV. En las comunidades de formación de carácter transitorio, especialmente aquellas que no poseen un clero residente y estable, resulta difícil garantizar la debida perseverancia y el acompañamiento espiritual de los instituidos, contrariando el espíritu de continuidad y servicio permanente que los ministerios suponen.
V. Antes de introducir tales celebraciones en nuevos contextos formativos o virtuales, es necesario un discernimiento conjunto entre los pastores de las diversas diócesis y, si es posible, en el ámbito de las Conferencias Episcopales, a fin de preservar la unidad de la disciplina litúrgica y evitar disparidades regionales que puedan debilitar la comunión eclesial.
6. Ante tales consideraciones, el Dicasterio recomienda vivamente que no se celebren los ritos de admisión de los candidatos a las Órdenes Sagradas, ni las instituciones de los ministerios de Lector y de Acólito en las circunscripciones eclesiásticas, comunidades religiosas o demás comunidades de formación en nuestra Comunidad.
7. No obstante, este Dicasterio no encuentra razones suficientes para prohibir de modo absoluto tales celebraciones, puesto que no existen impedimentos canónicos, doctrinales o litúrgicos que las hagan ilícitas en sí mismas. Del mismo modo, no hay razones pastorales, disciplinarias o documentales que justifiquen su aprobación y difusión amplias. Así, la prudencia y el discernimiento pastoral deben prevalecer sobre cualquier iniciativa local, así como el parecer de la Sede Apostólica a través de este Dicasterio.
8. En consecuencia, hasta que se alcancen condiciones más maduras de formación eclesial y estabilidad pastoral, se recomienda que los candidatos al sacerdocio y las comunidades en cuestión sean cuidadosamente acompañados en su crecimiento espiritual y litúrgico, sin recurrir a la institución formal de los ministerios, evitando que estas prácticas se conviertan en meras expresiones simbólicas desprovistas de verdadero sentido eclesial.
9. El Dicasterio exhorta además a los Pastores a fortalecer la comunión y la sinodalidad episcopal, colaborando de modo más efectivo con la Sede Apostólica en las consultas y discernimientos que conciernen a la vida litúrgica de la Iglesia, especialmente en temas que afectan la formación de los futuros ministros ordenados.
————————————
RESCRIPTUM EX AUDIENTIA SS.MI
El Santo Padre, el Papa BENTO VIII, durante la audiencia concedida al Arzobispo Prefecto de este Dicasterio el día 12 de noviembre de 2025, informado acerca del parecer aquí expuesto, manifestó su benevolencia y añadió una exhortación pastoral en los siguientes términos:
Un consejo pastoral que doy: recomiendo fortalecer la formación litúrgica y espiritual de los seminaristas y laicos, preparando un terreno más sólido para que, en el futuro, tales ministerios sean vividos con profundidad y con verdadero espíritu de servicio a la Iglesia.
El Santo Padre, al aprobar la presente Carta Circular, desea de hecho alentar a todos los obispos a continuar su empeño por una formación integral, en la cual la liturgia sea reconocida como fuente y culmen de la vida y de la misión eclesial en esta Comunidad virtual.


