“SPE GAUDENTES”
BULA DE PROCLAMAÇÃO DO
JUBILEU ORDINÁRIO
DO ANO DE 2025
CLEMENS EPISCOPVS,
SERVVS SERVORVM DEI
A QUANTOS LEREM ESTA BULA,
QUE A ESPERANÇA LHES ENCHA O CORAÇÃO!
PREÂMBULO
1. “Spe gaudentes - Alegrem-se
na esperança” (Rm 12,12), diz o apóstolo Paulo aos cristãos de Roma e a vós
também, juventude de Minecraft, chamada a inserir-se dentro da dinâmica e
alegria de toda a Igreja, que se prepara para celebrar o Jubileu de 2025. Vivemos
tempos de grandes desafios, incertezas e rápidas mudanças, mas também de
imensas oportunidades para testemunhar a alegria da fé e a esperança que não
decepciona (Rm 5,5). Neste espírito, a Igreja se prepara para viver o Santo Jubileu, um
tempo especial de graça, reconciliação e renovação espiritual, que terá como tema:
Peregrinos da Esperança, estimulando-nos a redescobrir a força transformadora
da esperança cristã e, em particular, a força da juventude que é chamada a ser
protagonista nesta jornada, a ser o sol ou a tempestade do futuro.
2. O
Jubileu, celebrado a cada vinte e cinco anos, é um momento marcante de comunhão
eclesial e uma oportunidade para fortalecer os laços entre Deus e seu povo. Mas
o Jubileu de 2025 tem um caráter especial, pois ocorre em uma era profundamente
moldada pela conectividade digital e pela presença predominante da tecnologia
na vida humana. Contexto, onde a juventude, como força vibrante e criativa da
Igreja, é desafiada a assumir seu papel como peregrinos da
esperança também na Internet e nas redes sociais, tornando-se semeadora da mensagem do Evangelho em todos os recantos do mundo digital, inclusive aqui em Minecraft, universo de cubos, densamente frequentado por jovens de todas as raças, povos e línguas.
A esperança que transforma
3. São
Paulo nos recorda que a “esperança não decepciona” (Rm 5,5) porque
está enraizada no amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo. Essa esperança não é uma mera expectativa ou desejo humano, mas uma
certeza firme, uma pessoa, Cristo Jesus. No contexto do Jubileu de 2025, esta
mensagem ganha ainda mais força, pois estamos inseridos em uma sociedade
marcada pela incerteza, pelo individualismo e pela desconfiança, onde os espaços
digitais refletem as sombras da humanidade, marcada pela polarização, discursos
de ódio e um vazio espiritual que desconecta as pessoas de Deus e umas das
outras.
4. Diante
dessa realidade desafiadora, o Papa Francisco na Bula de proclamação do
Jubileu Ordinário, nos recorda que a esperança cristã não pode ser vista como algo
abstrato ou inerte, mas sim, como uma força viva e transformadora que age no
coração humano e no mundo. Força esta que a juventude do novo milênio, com sua
energia, entusiasmo e criatividade, está especialmente convocada a encarnar e
transmitir, fazendo-se testemunho vivo de que a fé cristã oferece um caminho de
sentido, comunhão e transformação, mesmo em meio a uma sociedade amplamente,
fragmentada e sem rumo.
Juventude do novo milênio: antenas de esperança
5. Tal
transformação, perpassa pela missão evangelizadora da juventude na internet, e em
Minecraft, que não se caracteriza apenas como estratégia moderna, mas como uma
resposta ao chamado do Cristo de “ir e fazer discípulos de todas as
nações” (Mt 28,19). Missão que adquire novas formas e desafios,
exigindo criatividade, autenticidade e coragem para testemunhar a fé. É dentro do universo cibernético que a
juventude assume a missão de ser “antena de esperança”, como
nos convida o Papa Francisco. Assim como os
primeiros apóstolos cruzaram mares e desertos para anunciar a Boa Nova, hoje todo
menino e menina, moça e rapaz, pode atravessar as fronteiras virtuais, nas
ondas da Internet, levando a mensagem do Evangelho a todas as partes do mundo.
6. Cada postagem, comentário ou vídeo pode ser uma semente de esperança, lançada
em terrenos digitais que, por vezes, parecem estéreis, mas que estão repletos
de pessoas, jovens sedentos por verdade, significado e amor. Porém, ser um sinal
de esperança na era digital significa, antes de tudo, viver de maneira
autêntica e coerente com os valores do Evangelho. O que implica não apenas
proclamar a mensagem cristã, mas também encarná-la em atitudes concretas de
amor, misericórdia e solidariedade, isto é enfrentar os desafios e as
dificuldades com confiança em Deus, mostrando ao mundo que a fé cristã não é
uma fuga, mas uma força que transforma a vida.
A juventude como protagonista da nova evangelização
7. O Jubileu Ordinário de 2025 nos convoca a um papel essencial: ser protagonistas da nova evangelização em um mundo que, embora pareça saturado de informações, carece profundamente de verdade, esperança e amor genuíno. Juventude do novo milênio, vocês são chamados a ser a luz que dissipa as trevas das dúvidas, das polarizações e do vazio existencial. Em um contexto em que a tecnologia avança a passos largos e as realidades virtuais se multiplicam, a Igreja deve e reconhece o potencial único dos jovens como pioneiros e agentes de transformação. O universo digital, que inclui plataformas como Minecraft e tantas outras redes sociais, não pode ser ignorado. Esse universo se tornou um “novo areópago”, uma nova praça pública onde a voz do Evangelho precisa se ressoar com urgência e autenticidade.
8. O Papa Francisco nos relembra que “a evangelização requer um ímpeto renovado que nasce do encontro pessoal com Cristo”. A juventude, com sua força vibrante e criatividade moderna, tem a missão de redescobrir esse encontro e levar outros a experimentá-lo. Cada clique e interação nas redes pode ser uma oportunidade de tocar corações, de acolher os que se sentem excluídos e de testemunhar uma fé viva que gera comunhão. Não se trata de uma tarefa isolada, mas de uma convocação coletiva: o Jubileu de 2025 é um tempo especial para unirmos esforços, pois a esperança cristã não se vive de maneira egoísta; ela cresce quando é partilhada.
Jovens peregrinos da esperança: caminhar com Cristo e com os irmãos
9. Ser “Peregrinos da Esperança” no mundo digital e fora dele significa, primeiramente, redescobrir a beleza do caminhar com Cristo. Não se trata de uma esperança ilusória, mas de uma esperança que é fruto da ressurreição de Jesus. “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vã e também é vã a nossa fé” (1Co 15,14). Com esta certeza absoluta, a juventude é chamada a caminhar com os olhos fitos no Senhor, mas com os pés bem firmes na realidade concreta do mundo. Peregrinar exige esforço, coragem e renúncia, mas também alegria, comunhão e solidariedade. Durante o Jubileu, os jovens são convidados a redescobrir os sinais visíveis da esperança cristã: a Eucaristia, onde Cristo se faz alimento para a jornada; a Confissão, onde experimentamos a misericórdia renovadora; e a oração, onde nos encontramos pessoalmente com o Deus que nos ama.
10. Este Jubileu será também um tempo para que a juventude se una em peregrinação, não apenas física ou virtual, mas também espiritual. Como peregrinos, somos convidados a deixar para trás as comodidades que nos aprisionam, os vícios que nos impedem de crescer e os medos que nos paralisam. A peregrinação jubilar simboliza nossa busca por Deus, nosso desejo de santidade e a nossa vontade de construir um mundo mais justo e fraterno. Jovens, não caminhem sozinhos. Formem comunidades virtuais e, sobretudo, reais onde possam se apoiar mutuamente, crescer na fé e testemunhar ao mundo que a Igreja é viva, jovem e esperançosa.
Testemunhos concretos de esperança
11. Ao longo da história, a juventude sempre foi protagonista nos momentos de renovação e transformação. Desde os primeiros mártires até os santos contemporâneos, como são João Paulo II, santa Teresa de Calcutá e o beato Carlo Acutis - nosso patrono -, jovens mostraram que é possível viver uma fé autêntica, mesmo em tempos difíceis. Carlo Acutis, que utilizou a internet como ferramenta de evangelização, é um modelo para todos os jovens que desejam tornar as redes sociais um local de evangelização e esperança. Em suas palavras: “A tristeza é o olhar voltado para si mesmo, e a felicidade é o olhar voltado para Deus”.
12. O Jubileu de 2025 nos desafia a seguir este exemplo, vivendo com simplicidade, autenticidade e compromisso. Que os jovens se tornem testemunhos concretos de esperança nas escolas, universidades, ambientes de trabalho e, principalmente, nas redes digitais. Que não se deixem contaminar pelas superficialidades do mundo virtual, mas utilizem sua criatividade e inovação para transmitir o Evangelho com toda sua beleza e tamanha profundidade.
Um tempo de graça e reconciliação
13. Alegrai-vos, juventude de Minecraft e de todas as realidades do mundo moderno, pois o Ano Santo é um tempo de graça! Durante o Jubileu, seremos convidados a atravessar a Porta Santa, símbolo da misericórdia e da reconciliação de Deus com a humanidade. É uma oportunidade para redescobrirmos o perdão de Deus e a importância de perdoar os irmãos. Em um tempo onde a intolerância e os conflitos se multiplicam, os jovens são veementemente convidados a ser agentes de reconciliação e pacificadores do mundo digital e real. Que escutem as palavras de Jesus no Sermão da Montanha com grande força: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
14. Ao abrir os corações ao perdão e à reconciliação, a juventude poderá testemunhar uma esperança verdadeira, que supera e vai além de aparências e de convenções sociais. Este Jubileu é um convite para construir pontes e derrubar muros, aproximar aqueles que estão distantes e acolher aqueles que se sentem rejeitados. Jovens, sejam misericordiosos como o Pai é misericordioso (cf. Lc 6,36). No confessionário, na oração pessoal e na celebração comunitária, renovem-se na graça e deixem que Deus faça novas todas as coisas em suas vidas.
O Jubileu: uma missão conjunta
15. O Jubileu Ordinário de 2025 não é um evento isolado, mas uma experiência transformadora que deve nos impulsionar a uma vida nova. Juventude da Igreja, tomem posse do chamado a serem “Peregrinos da Esperança”. Não tenham medo de sonhar grande, de arriscar tudo por Cristo e pelo Evangelho. A Igreja conta com vocês, o Papa Francisco conta com vocês, nós contamos com vocês e, acima de tudo, Cristo os espera e os envia. Como nos recorda São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12,2).
16. Unidos como uma só família, caminharemos rumo ao Jubileu, atravessando portas reais e virtuais, para testemunhar ao mundo que a esperança cristã é uma força viva que renova, transforma e salva. “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração” (Rm 12,12).
PROCLAMAÇÃO
17. Portanto, em nome da Santa Igreja, usando da autoridade que nos foi conferida, proclamamos o Jubileu Ordinário do Ano de 2025, um tempo especial de graça, reconciliação e renovação espiritual para todo o Povo de Deus. Sob o tema “Peregrinos da Esperança”, caminharemos juntos, guiados pela Palavra do Senhor e pela misericórdia divina, como uma Igreja em saída que anuncia a todos a alegria do Evangelho.
18. Conforme a tradição, a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, será solenemente aberta no dia 28 de dezembro de 2024, marcando o início do Santo Jubileu. Nesta mesma data, no ano de 2025, ela será fechada, concluindo o tempo jubilar.
19. Nos domingos seguintes, serão abertas as Portas Santas nas outras Basílicas Papais de Roma:
5 de janeiro de 2025: Abertura da Porta Santa na Basílica de São João de Latrão, a Catedral de Roma;12 de janeiro de 2025: Abertura da Porta Santa na Basílica de Santa Maria Maior;19 de janeiro de 2025: Abertura da Porta Santa na Basílica de São Paulo Fora dos Muros.
20. Conclamamos todas as Igrejas particulares ao redor do mundo a viverem esta graça jubilar em comunhão com a Igreja Universal. O prelado de cada circunscrição deverá designar uma única igreja jubilar em sua diocese, isto é, aquele templo onde os fiéis poderão e deverão promover peregrinações. A Porta Santa nas Igrejas diocesanas deverão ser abertas até o dia 22 de fevereiro de 2025, Festa da Cátedra de São Pedro, em sinal de unidade e comunhão à Sé Apostólica.
21. Cabe ao bispo diocesano, como pastor e guardião da fé, presidir solenemente a abertura da Porta Santa em sua diocese, como sinal da unidade eclesial e do convite universal à peregrinação jubilar.
22. Assim, convocamos todos os fiéis: jovens, adultos, religiosos, clérigos e leigos, a participar intensamente deste tempo de graça, tornando-se verdadeiros "Peregrinos da Esperança". O Jubileu não deve ser apenas um rito ou uma tradição, mas deve ser uma oportunidade real de encontro com Cristo, de renovação pessoal e comunitária, e de compromisso renovado com a missão de ser sal e luz no mundo (cf. Mt 5,13).
23. Que a Igreja inteira, unida ao representante do Sucessor de Pedro, atravesse com fé e alegria as Portas Santas, símbolo do Cristo que é o caminho, a verdade e a vida (cf. Jo 14,6). Que os pobres, os marginalizados, os jovens e todos aqueles que buscam sentido na vida encontrem, neste Ano Santo, uma Igreja acolhedora e missionária, que anuncia incansavelmente a esperança que não decepciona (Rm 5,5).
CONCLUSÃO
24. Queridos jovens, peregrinos da esperança, o Jubileu de 2025 nos convoca a um compromisso renovado com a fé, a esperança e a caridade, virtudes que sustentam nossa jornada cristã. Este tempo de graça é um chamado a reorientarmos nossas vidas para Cristo, a única porta que nos conduz à vida eterna. Ele nos convida a deixar para trás o que nos aprisiona: o pecado, a indiferença, a superficialidade, e a avançar com alegria na direção da verdadeira liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21).
25. Ao longo deste tempo jubilar, a Igreja nos convida a sermos protagonistas da esperança em nossas famílias, comunidades e nos diversos ambientes em que vivemos. Que cada um de nós, com palavras e ações, leve aos outros a luz de Cristo, testemunhando que a fé cristã é a verdadeira resposta para as angústias e desafios de nosso tempo. Jovens, crianças, leigos, consagrados e religiosos: todos têm um lugar e uma missão neste Jubileu. Não deixemos que este tempo de graça passe em vão.
26. Portanto, com confiança e entusiasmo, a Igreja convida a todos os seus filhos a participar intensamente deste Ano Santo, que é um verdadeiro tempo de graça e renovação. Não fiquemos indiferentes, nem permitamos que as preocupações cotidianas nos distraiam deste chamado divino. A Porta está aberta; Cristo nos espera: Ele, que é a esperança que não decepciona, nos acolhe com amor e misericórdia.
27. Que cada peregrinação, cada oração, cada gesto de reconciliação e cada obra de caridade neste Jubileu seja uma oferta agradável ao Senhor e um testemunho vivo de nossa fé. Vamos, juntos, redescobrir a alegria de sermos Igreja, povo de Deus em caminho, Peregrinos da Esperança em meio às sombras do mundo.
28. A vós, jovens deste milênio, jovens carissímos, protagonistas deste novo tempo, reiteramos o convite: entreguem suas vidas a Cristo, deixem-se guiar por Ele, e sejam sinais luminosos de esperança onde quer que estejam. A Igreja precisa de vocês, o mundo precisa de vocês!
29. Unidos ao Sucessor de Pedro, o Papa Francisco, como família de Deus, avancemos com fé rumo ao Jubileu Ordinário de 2025, certos de que “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
30. Alegremo-nos na esperança, celebremos na fé e caminhemos na caridade! Que Maria, Mãe da Esperança, e todos os santos de Deus nos acompanhem nesta peregrinação jubilar, guiando-nos com ternura até o abraço misericordioso do Pai. “Deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida dizer-lhes: 'Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor' (Sl 27,14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória agora e nos séculos futuros.”
A Igreja nos espera. Cristo nos chama. O tempo da graça chegou!
Dado em Roma, junto de São Pedro, aos dezessete dias do mês de dezembro, do ano do Senhor de 2024, primeiro de nosso Pontificado.
Clemens Pp. III
Pontifex Maximvs
