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COMUNIDADE CATÓLICA DE MINECRAFT - A UMA DÉCADA A SERVIÇO DA IGREJA

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Mensagem Pontifícia | Dia Mundial dos Pobres


MENSAGEM PONTIFÍCIA
 POR OCASIÃO DO DIA MUNDIAL
DOS POBRES

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Roma, 17 de novembro de 2023.

O Dia Mundial dos Pobres, celebrado como sinal fecundo da misericórdia do Pai, é uma ocasião que, pela sétima vez, ilumina e fortalece o caminho das nossas comunidades. Este evento tem se enraizado progressivamente na pastoral da Igreja, revelando cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Embora nos empenhemos diariamente no acolhimento dos pobres, percebemos que a pobreza permeia nossas cidades como um rio que cresce incessantemente, ameaçando transbordar e nos envolver. O clamor dos irmãos em busca de ajuda, apoio e solidariedade se intensifica, exigindo uma resposta urgente.

Nesse contexto, nos reunimos no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, ao redor de sua Mesa. Buscamos renovar nosso compromisso de viver a pobreza e servir os pobres, confirmando que o verdadeiro sentido do testemunho está em seguir as palavras do Livro de Tobias: “Dá esmola dos teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti.” (4,7). Essa recomendação é um convite profundo para compreender a essência do nosso testemunho e ação.

O Livro de Tobias, muitas vezes negligenciado no Antigo Testamento, revela uma cena de vida familiar significativa. Tobit, um pai que enfrenta a perspectiva de não voltar a ver seu filho Tobias, que está prestes a embarcar em uma longa jornada, compartilha seu “testamento espiritual”. Mesmo cego e duplamente pobre por ter sido deportado para Nínive, Tobit viveu confiando no Senhor, cujo nome expressa: “O Senhor foi o meu bem”. Este pai exemplar deseja transmitir ao filho não apenas bens materiais, mas, acima de tudo, o testemunho de uma vida fundamentada na confiança em Deus. Ao deixar suas palavras, Tobit instrui Tobias a lembrar-se sempre do Senhor, evitar o pecado, observar os mandamentos divinos e praticar a justiça em todos os dias da vida. Essa herança espiritual destaca a importância de trilhar um caminho de retidão, resistindo às tentativas da injustiça.

Assim, no Dia Mundial dos Pobres, inspiramo-nos na lição do Livro de Tobias. Somos desafiados a não apenas acolher os necessitados, mas a internalizar a justiça, a compaixão e a confiança em Deus em nossas vidas diárias. Ao seguir este exemplo, possamos contribuir para transformar a pobreza em dignidade, realizando os pobres com amor e compromisso verdadeiro, em consonância com a mensagem central do Evangelho.

As palavras sábias de Tobit ecoam como um chamado à ação concreta, transcendentemente expressas no seu “testamento espiritual” ao filho. Esse apelo não se restringe à simples lembrança ou à oração a Deus, mas se traduz em gestos tangíveis de esperança e justiça. Tobite exorta seu filho Tobias a dar esmolas conforme suas posses, a não desviar o olhar dos pobres, pois assim nunca será desviado o olhar de Deus (cf. Tb 4,7).

Essas palavras surpreendem pela sua profundidade, especialmente quando consideramos que Tobit perdeu a visão após praticar um ato de misericórdia. Sua vida foi marcada por obras de caridade desde a juventude, onde sempre dispunha aos seus irmãos que estavam em estado de necessidade e dava, em certo período, todo o seu dízimo aos prosélitos e estrangeiros (cf. Tb 1,3.17). Por causa dessa caridade, Tobit foi levado em cativeiro pelo rei, mergulhando na pobreza completa. Contudo, o Senhor ainda tinha planos para ele.

Ao longo de sua vida, Tobit não hesitou em continuar seu estilo de vida, mostrando que a pobreza material não poderia impedir a riqueza de sua fé e o compromisso com a caridade. Seu exemplo ressoa fortemente na narrativa em que, durante a festa de Pentecostes, preparou uma suntuosa e instruiu Tobias a buscar um homem piedoso, de coração fiel, para compartilhar da mesa (cf. Tb 2,1-2). Essa atitude, ainda hoje, nos desafia a voltar a preocupação de Tobite a nossa própria, convidando os menos favorecidos para compartilhar não apenas da mesa eucarística, mas também da refeição festiva dominical.

O relato continua revelando que Tobias encontrou um pobre morto, filho de Israel, e voltou para avisar Tobit que, mesmo sem ter comido, imediatamente foi buscar clandestinamenge p corpo para enterrá-lo em sua casa, como fazia com outros defuntos. Por essa ato, seus vizinhos o criticavam unanimemente, mas Tobit temia mais a Deus que ao rei. No entanto, chegando cansando em sua casa, adormeceu e, enquanto dormia, caiu-lhe um ninho de andorinhas com esterco quente nos olhos, e o tornou cego.

O desfecho da história de Tobit é uma expressão vívida das exceções divinas. O Senhor restaurou sua visão e alegria ao rever o filho Tobias. Nesse momento, Tobit se lançou ao pescoço de Tobias, chorando e proclamando a vitória de Deus. Essa narrativa nos ensina que, mesmo diante das adversidades, a fé e a prática da caridade são luzes que iluminam o caminho da verdadeira visão e alegria tristeza. Neste Dia Mundial dos Pobres, esperamos nos inspirar na história de Tobit, confirmando a importância de agir com compaixão, independentemente das circunstâncias, e confiar nas exceções divinas que restauram e renovam a esperança.

Nos encontramos em um momento histórico peculiar, no qual a atenção aos mais pobres muitas vezes é ofuscada pelo estridente clamor pelo bem-estar. O ruído ensurdecedor desse apelo cresce incessantemente, enquanto as vozes daqueles que enfrentam a pobreza são silenciadas, relegadas para um segundo plano. Parece que estamos propensos a ignorar tudo ou que não se enquadram nos padrões de vida concebidos principalmente para as gerações mais jovens, já que são as mais vulneráveis diante das mudanças culturais em curso.

O que é sofrimento e causa sofrimento é muitas vezes deixado de lado, enquanto as qualidades físicas são exaltadas como se fossem a única meta digna de ser alcançada. Nesse cenário, a realidade virtual ameaça sobrepor-se à vida real, e a linha que separa os dois mundos torna-se cada vez mais tênue. Os pobres, por sua vez, transformam-se em imagens que podem suscitar compaixão momentânea, mas quando os encontram pessoalmente nas estradas da vida, são frequentemente tomados pela fastio e pela tendência à marginalização.

A pressa, essa companheira constante em nosso cotidiano, atua como um obstáculo que nos impede de pausar, socorrer e cuidar do próximo. A parábola do bom samaritano, narrada no Evangelho segundo Lucas (cf. Lc 10, 25-37), não é apenas uma história do passado; ela desafia o presente de cada um de nós. Delegar responsabilidade para outros é uma escolha fácil; recursos financeiros para que outros realizem atos de caridade é um gesto generoso, mas oferecer envolver-se pessoalmente na vida do outro é a verdadeira vocação de todo cristão.

Num mundo onde a indiferença parece ganhar espaço, é imperativo registrar que cada pessoa possui a capacidade de fazer a diferença. Superar a pressa, que nos cega para as necessidades ao nosso redor, é um primeiro passo importante. Encontrar tempo para se envolver pessoalmente na vida dos menos favorecidos, que muitas vezes são invisíveis aos olhos da sociedade, é um chamado urgente que ressoa em cada coração cristão.

Assim, em meio ao tumulto da vida moderna, que cada um de nós possa redescobrir o valor de parar, olhar ao redor e estender a mão ao próximo. Pois é na ação pessoal, na compaixão ativa e no cuidado direto que encontramos o verdadeiro significado da vocação cristã. Que o apelo do bom samaritano ecoe em nossos corações, despertando-nos para a responsabilidade que todos compartilhamos na construção de um mundo mais justo, solidário e compassivo.

Que a nossa preocupação pelos menos favorecidos seja permeada pelo realismo evangélico. A partilha, segundo este princípio, deve ser uma resposta às necessidades tangíveis do próximo, e não uma simples libertação do meu supérfluo. Neste contexto, é importante exercer o discernimento, orientados pela guia do Espírito Santo, para distinguir entre as reais necessidades dos irmãos e as nossas aspirações pessoais.

É fundamental compreender que o que os menos favorecidos urgentemente precisam não é apenas de bens materiais, mas da nossa humanidade, do calor do nosso coração aberto ao amor. Não podemos esquecer a sábia admoestação de que somos chamados não apenas a emprestar-lhes a nossa voz em suas causas, mas a ser genuinamente seus amigos. Este chamado implica ouvir, compreender e acolher a misteriosa sabedoria que Deus deseja nos comunicar através deles, como nos lembra o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (cf. n. 198).

A fé, guia que nos sustenta, ensina-nos que todo indivíduo carente é filho de Deus, e em cada um deles, Cristo está presente de maneira especial. Recordemos sempre as palavras do Evangelho de Mateus: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). Cada ato de compaixão, cada gesto de solidariedade dirigido aos mais necessitados, é uma manifestação tangível de amor a Cristo.

Portanto, que a nossa solicitude pelos pobres não se limite a meras ações superficiais, mas que seja profundamente enraizada no reconhecimento da dignidade intrínseca de cada ser humano. Que a partilha seja motivada pela verdadeira compreensão das necessidades do próximo, e que, ao estendermos a mão, possamos descobrir a presença de Cristo naqueles que muitas vezes são marginalizados.

Por fim, que este realismo evangélico inspire ações concretas, transformando a caridade em um testemunho vivo do amor de Deus em nosso meio.

Com profunda gratidão e carinho,


Papa Paulo II
Pontífice da Igreja em Minecraft