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COMUNIDADE CATÓLICA DE MINECRAFT - A UMA DÉCADA A SERVIÇO DA IGREJA

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Carta Pastoral "Domine non sum dignus" | Pregador Apostólico

 Prot. N011/2023


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CARTA PASTORAL
“DOMINE NON SUM DIGNUS”
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DOM ANTÔNIO MATHEUS CARDEAL CARNEIRO,
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA,
PREGADOR APOSTÓLICO DA CASA PONTIFÍCIA,

aos veneráveis irmãos no episcopado, e a todos
que a esta lerem, graça e paz da parte de Deus, o Pai.

INTRODUÇÃO

1. É com grande reverência e humildade que me dirijo a vossas excelências, pastores do rebanho de Deus. Nesta carta, desejo compartilhar convosco uma reflexão profunda sobre a indignidade que todos nós, como servos do Senhor, carregamos em nossos corações, e a humildade que devemos abraçar em nosso chamado para liderar e guiar a Igreja.

2. Como bispos, somos chamados a um ministério sagrado, um chamado que exige uma profunda entrega à vontade de Deus e à missão de Cristo. Entretanto, à medida que olhamos para nossas vidas e ministérios, é crucial que nos lembremos de nossa própria indignidade, reconhecendo que somos servos imperfeitos, chamados a uma grande tarefa.

3. Nossos corações e mentes devem ser permeados pela humildade, e nossas ações, marcadas pela compreensão de que não somos dignos desse chamado divino. Afinal, um grande exemplo foi nos dado por um grande militar do império romano que, em sua humildade, nos ensinou a proferir palavras poderosas: "Senhor, não sou digno." (Mt 8, 8)

4. Esta carta pastoral busca explorar a importância da humildade no serviço episcopal. Como líderes espirituais da Igreja, devemos modelar a humildade, reconhecendo que, apesar de nossas falhas e imperfeições, Deus nos confiou a responsabilidade de guiar Seu rebanho. Devemos ser exemplos vivos de como servir com amor, compaixão e humildade.

5. Nossa missão é uma missão de serviço, e o serviço autêntico exige uma profunda humildade. Ao nos lembrarmos de nossa própria indignidade, abrimos espaço para a graça de Deus atuar em nossas vidas e ministérios. Reconhecendo nossas limitações, podemos depender totalmente de Deus para nos capacitar a cumprir o Seu chamado. Esta carta pastoral é um convite para todos nós, bispos, a contemplar a nossa própria humildade diante de Deus e diante do rebanho que Ele nos confiou. Que ela nos inspire a crescer em nossa compreensão da nossa vocação, buscando a humildade e a santidade que são tão essenciais em nosso ministério.

6.  Que o Espírito Santo nos guie nesta jornada de reflexão e autoexame, capacitando-nos a servir a Igreja com corações humildes e amorosos, reconhecendo que, embora indignos, Deus nos chama a ser Seus instrumentos de paz e esperança neste mundo. Em Cristo, que é o exemplo supremo de humildade e serviço, elevemos nossos corações e nossas vidas para a missão que nos foi confiada, com a plena confiança de que, em nossa indignidade, somos dignos de Sua graça e misericórdia.

CAPÍTULO I
"SENHOR, EU NÃO SOU DIGNO"

8. Neste momento mergulharemos nas palavras do centurião romano, no Evangelho de São Mateus, onde ele disse humildemente a Jesus: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa." Essa passagem poderosa é uma lição de humildade que ressoa profundamente em nossos corações, especialmente para aqueles que são chamados a pastorear o rebanho de Deus. Neste capítulo, vamos explorar como a indignidade consciente pode se tornar um sinal de humildade e um guia valioso para aqueles que assumem o papel de pastores em nossa comunidade de fé.

9. Como pastores da Igreja, é fundamental que reconheçamos, como o centurião, que não somos dignos da graça e da missão que nos foi confiada. Devemos ter consciência de nossa própria indignidade. A humildade começa quando reconhecemos a imensa distância entre o Deus Todo-Poderoso e nós, seres humanos falíveis.

10. É fácil cair na armadilha do orgulho e da autoconfiança, acreditando que somos dignos de liderar os outros espiritualmente. No entanto, quando olhamos para nossas próprias vidas, enxergamos nossas fraquezas, nossos pecados e nossas limitações. Essa consciência de nossa indignidade não nos diminui, mas nos torna mais abertos à ação de Deus em nossas vidas e ministérios.

11. O centurião, embora reconhecendo sua própria indignidade, demonstrou uma grande fé e confiança na autoridade de Jesus. Ele acreditava que, apesar de sua indignidade, Jesus tinha o poder de curar seu servo. Da mesma forma, como pastores, devemos reconhecer nossa indignidade, mas também confiar plenamente na autoridade e na graça de Deus. Nossa humildade não deve nos afastar do ministério, mas deve nos impulsionar a servir com um coração puro e uma mente submissa. A humildade nos lembra de que somos meros instrumentos nas mãos de Deus, e é Ele quem realiza os verdadeiros milagres em nossas vidas e na vida daqueles a quem servimos.

13. Olhando para o nosso modelo supremo de humildade, Jesus Cristo, vemos que Ele mesmo se fez indigno, tomando a forma de um servo e entregando Sua vida por nós na cruz. Ele se inclinou para lavar os pés de Seus discípulos e ensinou que o maior é o que serve a todos. Se o próprio Filho de Deus humilhou-se dessa maneira, quanto mais nós, que somos chamados a seguir Seus passos!

14. Queridos bispos, ao olhar para a passagem do Santo Evangelho, somos desafiados a abraçar a indignidade com humildade. Devemos lembrar que não somos dignos, mas somos escolhidos por Deus para pastorear o Seu rebanho com amor, serviço e confiança na Sua graça. A humildade não nos enfraquece; ela nos fortalece, permitindo que Deus realize maravilhas em nossos ministérios.

15. 
Assumir a nossa própria indignidade é uma lembrança constante de que, embora sejamos falíveis, Deus é fiel. E, apesar de nossas limitações, Ele nos capacita a ser instrumentos do Seu amor e misericórdia neste mundo. Como o centurião, podemos dizer com fé: "Senhor, eu não sou digno," e confiar plenamente que o Senhor virá até nós, capacitando-nos a cumprir a Sua vontade.

CAPÍTULO II
A HUMILDADE EXIGIDA DOS INDIGNOS SERVOS

15. A verdadeira humildade começa com o reconhecimento de nossa própria indignidade. Como pecadores redimidos pela graça de Deus, somos indignos de Seu amor e misericórdia. No entanto, é precisamente aí que encontramos a base para nossa humildade. Reconhecendo que não merecemos nada, podemos abrir nossos corações para a graça abundante de Deus.

16. As passagens mencionadas enfatizam nossos relacionamentos com os outros. A humildade é o alicerce para relacionamentos saudáveis e harmoniosos. Quando consideramos os outros superiores a nós mesmos, estamos dispostos a ouvir, a aprender e a servir. A humildade nos impede de sermos egoístas e nos capacita a valorizar os outros.

17. São Paulo em sua carta aos Romanos,  destaca a importância da humildade na unidade da igreja. Para que a Igreja seja um lugar de amor e harmonia, todos os membros, independentemente de sua posição ou conhecimento, devem se submeter à humildade. Quando reconhecemos que todos somos indignos da graça de Deus, é mais fácil vivermos em paz e unidade uns com os outros.

18. Em última análise, a maior expressão de humildade é encontrada em Jesus Cristo. Ele, o Filho de Deus, despiu-se de Sua glória divina e se fez servo, suportando a cruz por amor a nós. Se desejamos compreender a verdadeira humildade, devemos olhar para o nosso Salvador como nosso modelo.

19. Em resumo, a humildade é uma virtude fundamental exigida dos indignos servos de Deus. Ela começa com o reconhecimento de nossa própria indignidade, nos capacita a servir e valorizar os outros, promove a unidade na igreja e nos lembra do exemplo supremo de humildade em Jesus Cristo.

20. Que possamos cultivar a humildade em nossas vidas, reconhecendo que somos indignos da graça de Deus, mas que, por Sua misericórdia, somos chamados a viver em harmonia com nossos irmãos e a seguir os passos de Cristo, que se humilhou por amor a nós. Que a humildade seja a marca distintiva de nossas vidas como cristãos, manifestando o amor e a graça de Deus ao mundo ao nosso redor. 

CONCLUSÃO

21. Por fim, queridos irmãos, que esta reflexão nos inspire a cultivar a humildade em nossas vidas, reconhecendo nossa indignidade e confiando na graça de Deus para nos capacitar a viver em harmonia com nossos irmãos e a servir o mundo com humildade e amor. Como disse São João Paulo II: "Vosso povo, caríssimos irmãos no episcopado [...] quer ver o homem de Deus nos ministros de sua Igreja, uma presença que lhes inspire amor, respeito, confiança.".[1] Que a humildade seja uma marca distintiva de nossa jornada de fé, à medida que seguimos os passos de nosso Salvador, que se humilhou por amor a todos nós. 

 Roma, Palácio Apostólico, a 21 de outubro,
do Ano Santo Vocacional de 2023.

+ Antônio Matheus Cardeal Carneiro
Pregador Apostólico

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Notas:

[1] DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II AOS BISPOS DA CONFERÊNCIA DOS BISPOS DO BRASIL DOS REGIONAIS NORDESTE 1 E 4 EM VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM".