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COMUNIDADE CATÓLICA DE MINECRAFT - A UMA DÉCADA A SERVIÇO DA IGREJA

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Carta Pastoral “Ite ad oves meas” | Pregador Apostólico

  Prot. N010/2023


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CARTA PASTORAL
“ITE AD OVES MEAS”
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DOM HENRIQUE AZEVEDO CARDEAL GÄNSWEIN
POR  MERCÊ  DE  DEUS  E  DA  SANTA  SÉ  APOSTÓLICA
PREGADOR APOSTÓLICO DA PREF. DA CASA PONTIFÍCIA

Aos veneráveis irmãos no Episcopado, e a todos
que a esta lerem, graça e paz da parte de Deus, o Pai.

INTRODUÇÃO

1. É com grande humildade e alegria que me dirijo a vocês hoje, pastores da Santa Igreja, para refletir sobre um tema que ressoa profundamente em nossos corações: “Ide até as minhas ovelhas” - ou, como comumente dizemos: “Apascenta as minhas ovelhas”. Estas palavras, proferidas por nosso Senhor Jesus Cristo ao Apóstolo Pedro, são um convite amoroso e imperativo a cada um de nós, como pastores do rebanho de Deus.

2. Abordaremos, em três partes, alguns temas fundamentais em nossa jornada como pastores da Igreja: “Apascentar as ovelhas: um chamado para a missão pastoral”, “Amor e confiança: construindo pontes de reconciliação” e “O compromisso pastoral: guiados pelo Cristo, o Bom Pastor”. Neste momento de reflexão e partilha, desejamos mergulhar na essência de nossa vocação, na responsabilidade que nos foi confiada e nas oportunidades que se apresentam para servirmos ao rebanho de Deus de forma cada vez mais autêntica e eficaz.

3. Ao contemplarmos o chamado para apascentar as ovelhas, somos recordados das palavras do nosso Senhor Jesus Cristo, que se apresentou como o Bom Pastor, aquele que conhece suas ovelhas pelo nome, as guia com amor e misericórdia, e está disposto a sacrificar-se por elas. Nessa imagem sublime, encontramos a síntese da nossa missão pastoral. Somos chamados a seguir os passos do Mestre, a conduzir o rebanho com ternura, a alimentar as ovelhas com a Palavra de Deus e a oferecer-lhes a graça dos sacramentos que fortalecem sua fé e caminhada espiritual.

4. No entanto, compreendemos que o exercício dessa missão não é uma tarefa solitária. Requer o envolvimento de toda a comunidade eclesial, de cada fiel, de cada pastor. É nesse contexto que emergem dois pilares indispensáveis: o amor e a confiança. O amor, como nos ensinou o próprio Cristo, é o fundamento de toda a ação pastoral. É o amor que nos impulsiona a buscar incansavelmente o bem das ovelhas, a acolher os pecadores, a cuidar dos feridos, a perdoar os que erraram e a caminhar com aqueles que se encontram em situações de dificuldade. É o amor que nos leva a construir pontes de reconciliação, a superar divisões e a buscar a unidade do rebanho.

5. Por sua vez, a confiança é essencial para construir relacionamentos sólidos e frutíferos. Ela é o alicerce sobre o qual erguemos pontes de reconciliação entre irmãos separados, entre diferentes jeitos e entre o clero e o povo de Deus. A confiança é cultivada por meio da fidelidade aos compromissos assumidos, da honestidade nas relações, da escuta atenta às necessidades e anseios do rebanho e do respeito mútuo. Quando há confiança, podemos caminhar juntos, em harmonia, sabendo que somos guiados pelo Espírito Santo e que nossa missão é ancorada na vontade de Deus.

6. E assim, em meio a esse chamado e ao cultivo do amor e da confiança, encontramos o nosso compromisso pastoral. Somos chamados a ser pastores segundo o coração de Cristo, a imitar sua dedicação, sua humildade e sua misericórdia. Guiados pelo Bom Pastor, devemos buscar incansavelmente as ovelhas que estão dispersas, as que estão em perigo, as que se encontram nas periferias existenciais. Devemos ir ao encontro delas, adaptando-nos às suas necessidades, compreendendo suas realidades e oferecendo-lhes o amor e a salvação que emana do Evangelho.

7. Que esta Carta Pastoral seja um momento de profunda reflexão e renovação de nossos compromissos pastorais. Que possamos nos inspirar no exemplo de tantos santos e santas que dedicaram suas vidas a apascentar o rebanho de Deus. Que o amor e a confiança nos impulsionem a construir pontes de reconciliação entre irmãos separados. E que, guiados pelo Cristo, o Bom Pastor, possamos exercer nosso ministério com humildade, dedicação e compaixão, sempre prontos a servir e a testemunhar o amor incondicional de Deus.

CAPÍTULO I
APASCENTAR AS OVELHAS: UM CHAMADO PARA A MISSÃO PASTORAL

8. Nós somos chamados a seguir os passos de Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, cuida delas com ternura e está disposto a dar a própria vida por elas. Jesus nos envia em missão, para além das paredes de nossos quartos, para encontrar as ovelhas dispersas, as que estão perdidas e as que se encontram nas margens da sociedade.

9. Em um mundo cada vez mais complexo e desafiador, onde as pessoas enfrentaram inúmeras dificuldades e buscam respostas para suas dores e anseios no pecado, a nossa presença como pastores no meio virtual é de importância vital. Temos o dever de sair ao encontro das ovelhas que se encontram distantes, feridas ou em situações de emoção. Estender as mãos, oferecer conforto, ouvir suas histórias e compartilhar a mensagem de esperança e salvação que emana do Evangelho.

10. Sabemos que esse chamado não é fácil. Enfrentamos desafios internos e externos, obstáculos culturais, políticos e sociais. No entanto, não podemos deter-nos diante das dificuldades. Devemos ter coragem, discernimento e criatividade pastoral para alcançar aqueles que se encontram à margem, aqueles que sentem que a Igreja não os acolhe ou não compreende suas realidades.

11. Não podemos nos contentar em esperar que as ovelhas venham até nós. Precisamos ir até elas, adaptando-nos às suas necessidades, falando sua linguagem e encontrando maneiras de transmitir a mensagem do Evangelho de forma autônoma e relevante. Isso requer abrir nossos corações, ouvir atentamente, compreender as diferentes realidades e culturas, e estar disposto a fazer mudanças pastorais quando necessário.

12. Ao mesmo tempo, devemos ser defensores da justiça e da dignidade humana. Deveríamos ser voz dos que não têm voz. Devemos denunciar as estruturas de pecado que perpetuam no meio virtual e trabalhar incansavelmente por um mundo mais “santo” - ou melhor, menos pecador - e fraterno.

13. Além disso, é essencial nutrir uma vida espiritual profunda e autônoma na realidade. Somente assim seremos capazes de transmitir o amor de Deus de forma verdadeira e transformadora. Devemos buscar a intimidade com Deus através da oração, da Eucaristia, da meditação na Palavra e dos sacramentos, para que, fortalecidos em nossa relação pessoal com Cristo, possamos irradiar seu amor aos outros.

14. Queridos irmãos Bispos, ao aceitarmos o chamado de Cristo para ir até as suas ovelhas, estamos nos comprometendo com uma missão de amor e misericórdia. Não se trata apenas de realizar atividades pastorais, mas de um encontro pessoal e transformar com cada pessoa que encontramos. É um chamado para sermos autênticos testemunhos vivos do amor de Deus.

CAPÍTULO II
AMOR E CONFIANÇA: CONSTRUINDO PONTES DE RECONCILIAÇÃO

15. O amor e a confiança são elementos fundamentais na relação entre os bispos e os irmãos que outrora estavam separados, aqueles que se encontravam em situação cismática. Embora haja divergências pessoais e históricas que levaram a essa separação, é essencial que busquemos construir pontes de diálogo e reconciliação com base no amor mútuo e na confiança em Deus.

16. O amor, como ensinado por Cristo, transcende as diferenças e nos chama a acolher, encorajar e respeitar a dignidade de cada pessoa. É um amor que nos impulsiona a buscar a unidade, a superar os obstáculos que nos separam e a reconhecer a presença do Senhor em cada irmão, independentemente de seu passado em outras comunidades.

17. O amor nos leva a adotar uma postura de compreensão e empatia em relação a estes irmãos. Reconhecemos que eles também têm uma busca por Deus e pela evangelização virtual.

18. Ao mesmo tempo, a confiança é um elemento-chave para construir relacionamentos frutíferos e colaborativos. Devemos confiar em Deus e na ação do Espírito Santo, que está constantemente trabalhando na Igreja para a reconciliação e a unidade dos cristãos. Devemos confiar na graça de Deus, que é capaz de superar derrotas e curar feridas antigas.

19. Além disso, é importante cultivar uma confiança mútua entre os bispos e os irmãos separados, baseados no respeito mútuo, na escuta atenta e no diálogo sincero. Isso implica em reconhecer que ambos os lados têm contribuições valiosas para fazer e que cada um possui um patrimônio espiritual, teológico e litúrgico que pode enriquecer a Comunidade como um todo.

20. No caminho da reconciliação, é essencial que os bispos mantenham uma mão travada aos irmãos, demonstrando respeito por seu passado e buscando pontos de convergência. Isso pode ser feito através do diálogo teológico e pastoral, do compartilhamento de experiências e do reconhecimento dos aspectos em comum que agora nos une como cristãos.

21. Deve-se lembrar que a reconciliação não significa necessariamente uma uniformidade absoluta, mas sim uma comunhão baseada no amor e na verdade. É uma busca pela unidade na diversidade, onde reconhecemos a riqueza das diferenças e a complementaridade entre elas, mantendo sempre a fidelidade ao Evangelho e aos ensinamentos da Igreja.

22. Nesse processo, é importante que haja um esforço mútuo de conversão, reconhecendo e corrigindo erros do passado, buscando a reconciliação e promovendo uma cultura de comunhão. A confiança mútua se fortalece à medida que demonstramos a disposição de trabalhar juntos na superação das divisões e na promoção da unidade cristã.

CAPÍTULO III
O COMPROMISSO PASTORAL: GUIADOS PELO CRISTO, O BOM PASTOR

23. Como bispos, somos chamados a seguir os passos do Bom Pastor, Jesus Cristo, que deu a própria vida pelas ovelhas. Essa missão é um chamado sublime, mas também uma responsabilidade que requer dedicação, entrega e proximidade. Somos chamados a ser pastores com o coração de Cristo, preocupados com o bem-estar espiritual e material de cada ovelha do rebanho.

24. O compromisso pastoral que assumimos exige que estejamos próximos das ovelhas, conhecendo-as pelo nome, ouvindo suas histórias, compartilhando suas alegrias e tristezas. Deve estar presente em suas vidas, acompanhando-as em seus desafios e oferecendo orientação e apoio nos momentos de necessidade. Nossa missão não se restringe às paredes das igrejas, celebrando, mas se estende a todos os aspectos da vida cotidiana (virtual) das ovelhas.

25. Ao mesmo tempo, temos o dever de ser verdadeiros mestres da fé, anunciando com clareza e fidelidade o Evangelho de Jesus Cristo. Devemos ser portadores da esperança e da verdade, transmitindo os ensinamentos da Igreja de forma acessível e compreensível, especialmente diante dos desafios e questionamentos do mundo atual. A nossa pregação deve ser baseada na Palavra de Deus, iluminada pelo Magistério da Igreja e permeada pelo amor misericordioso de Deus.

26. A missão pastoral também requer que estejamos atentos às necessidades das ovelhas, especialmente aqueles que se encontram feridos e perdidos. Somos chamados a ser uma presença profética na sociedade, construindo pontes, curando divisões e promovendo a paz.

27. Além disso, como bispos, temos a responsabilidade de cuidar e formar os presbíteros, diáconos e leigos que colaboram conosco na missão da Igreja. Devemos incentivá-los, apoiá-los e oferecer-lhes formação adequada para que possam alcançar seus ministérios de maneira eficaz e fiel ao Evangelho. Nossa liderança deve ser caracterizada pelo exemplo, pela humildade e pela busca constante da santidade.

28. Caros bispos, compreendemos que essa missão não é isenta de desafios e dificuldades. No entanto, somos encorajados pela graça de Deus e pelo auxílio do Espírito Santo, que nos capacita e fortalece para cumprir esta nobre tarefa. Devemos cultivar uma vida espiritual profunda e constante, buscando a intimidade com Deus por meio da oração, da Eucaristia e dos sacramentos. Somente poderemos ser verdadeiros canais da graça de Deus para as ovelhas que nos foram confiadas.

CONCLUSÃO

29. À medida que chegamos ao fim desta Carta Pastoral, desejamos resumir os principais pontos abordados: o chamado para apascentar as ovelhas como missão pastoral, a importância do amor e da confiança na construção de pontes de reconciliação e o nosso compromisso em sermos guiados pelo Cristo, o Bom Pastor.

30. Reconhecemos que o chamado para apascentar as ovelhas vai além de uma simples responsabilidade ou tarefa. É um convite divino que nos foi confiado, uma vocação sagrada que requer entrega, dedicação e discernimento constante. Nesse chamado, somos chamados a sermos instrumentos de Cristo, o Bom Pastor, levando a luz do Evangelho aos corações que mais necessitam, cuidando das feridas e conduzindo-os ao caminho da salvação.

31. Entretanto, compreendemos que esse chamado só pode ser verdadeiramente vivenciado se estivermos enraizados no amor e na confiança. O amor é a força motriz que nos impulsiona a sair de nossa zona de conforto, a acolher os irmãos separados, a oferecer o perdão aos arrependidos e a construir um ambiente de fraternidade e comunhão. A confiança, por sua vez, é o alicerce sobre o qual podemos construir pontes de reconciliação, superando divisões e preconceitos, e restaurando a unidade entre os filhos de Deus.

32. Nessa caminhada, somos chamados a assumir um compromisso pastoral firme e inabalável. Devemos ser exemplos de virtude e santidade, dispostos a renunciar a nós mesmos em prol do rebanho que nos foi confiado. Esse compromisso requer que nos aproximemos das realidades e necessidades do povo, ouvindo suas vozes, compreendendo suas dores e sendo sensíveis aos desafios que enfrentam. Somos chamados a ser presença ativa e viva no mundo real, partindo do virtual, levando a mensagem de esperança e transformação, mostrando que somos guiados pelo Cristo, o Bom Pastor.

33. À medida que concluímos, desejo encorajar a todos nós, pastores da Igreja, a abraçarmos esse chamado com zelo renovado e a nos comprometermos a apascentar as ovelhas com amor, confiança e fidelidade. Que possamos ser verdadeiros instrumentos da misericórdia e do amor de Deus, guiados pelo exemplo do Cristo, o Bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas.

34. Que a nossa missão seja marcada pela alegria do serviço, pela humildade da entrega e pela firmeza na fé. Que a luz do Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça em cada passo que dermos. Que Nossa Senhora, Mãe da Igreja, nos ampare e interceda por nós.

35. Que Deus nos abençoe abundantemente em nossa jornada de apascentar as ovelhas e sermos verdadeiros pastores segundo o coração de Cristo.

Dado e passado em Roma, no Palácio Apostólico,
a 25 de maio, do Ano Santo Vocacional de 2023.



Dom Henrique Azevedo Cardeal Gänswein
Pregador Apostólico