LITTERAE APOSTOLICAE MOTU PROPRIO DATAE
SUMMI PONTIFICIS
BENEDICTI PP. VIII
“NON UT MINISTRETUR,
SED UT MINISTRET”
DE EVANGELICA PURGATIONE LOGICAE SERVITII IN CURIA ROMANA
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BENEDICTUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI
[PT]
1. O Senhor Jesus, ao constituir os Apóstolos como fundamento visível da Igreja, confiou-lhes não somente uma mera missão de governo, mas sobretudo de caridade, serviço mútuo e verdadeira comunhão fraterna. O colégio apostólico, unido ao Sucessor de Pedro, é convidado, em todo tempo e lugar, a testemunhar este espírito evangélico de unidade e de serviço abnegado, sobretudo nas estruturas que, mais proximamente, assistem o ministério universal do Romano Pontífice.
2. A Cúria Romana, enquanto instrumento eficaz do ministério petrino, deve resplandecer em competência eclesial e técnica, mas também – e antes de tudo – em santidade de vida, espírito de comunhão e maturidade eclesial. Esta não é exigência funcional, unicamente, mas uma condição fundamental para que a missão confiada a seus membros produza frutos de verdade e caridade na vida da Comunidade.
3. Contudo, não sem dor, somos obrigados a reconhecer que, em não poucas ocasiões, o espírito de fraternidade e unidade tem sido obscurecido por uma lógica mundana de preferências pessoais, de companheirismos fechados e de critérios particulares que contrariam o bem comum da Comunidade. Grupos seletos, formados entre membros do episcopado e de outrém, promovem sistematicamente os mesmos nomes, as mesmas figuras, e constroem verdadeiros muros – invisíveis, mas sensíveis – que excluem outros servidores do serviço à Sé Apostólica, ainda que esses estejam dotados de zelo, competência e fidelidade eclesial.
4. Esta nociva cultura de conivências fechadas – frequentemente identificada como círculos de afinidade ou preferências pessoais no seio do clero: as “panelinhas” – mina gravemente a autêntica catolicidade da Comunidade eclesial. Em lugar da confiança recíproca e da comunhão fraterna, instaura-se um sistema de exclusões e lealdades condicionadas, que favorece o carreirismo, a instrumentalização dos carismas e, não raro, o clericalismo – por vezes mascarado sob o véu do zelo ou da vasta disponibilidade aparente.
Com inquietante frequência, o serviço eclesial tende a ser reduzido a uma lógica de ascensão institucional, em que ofícios e encargos são percebidos (e recebidos) não como expressões de uma vocação e entrega oblativa, mas como degraus numa trajetória marcada somente por ambição e autorreferencialidade.
Neste contexto, a vida da Cúria – e, por consequência, da inteira Comunidade eclesial – corre o risco de degenerar numa representação funcionalista (RPG), onde clérigos acumulam encargos e títulos não em razão de um genuíno discernimento eclesial ou de uma exigência pastoral concreta ou, ainda, em prol da evangelização, mas impulsionados por expectativas pessoais de reconhecimento ou promoção. O resultado é uma rede de tarefas privadas de alma, marcadas por ativismo estéril, fragmentação de propósitos e esvaziamento da missão. Multiplicam-se os ofícios, escasseia a missão; abundam funções, mas falta o Espírito.
Ministros ordenados que deveriam ser, nesta porção do Povo de Deus presente em Minecraft, pastores e servidores da comunhão tornam-se, não raras vezes, simples gestores de agendas, ocupantes de cargos em constante mobilidade estratégica, na esperança de serem notados, recomendados ou elevados a outras dignidades. Essa mentalidade, profundamente danosa e incompatível com o Evangelho, perverte a natureza do ministério minecraftiano, transformando a nossa vocação comum – enquanto Comunidade – numa carreira e a Cúria num palco de projeções humanas, em contradição com o exemplo de nosso Mestre Senhor Jesus Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir” (cf. Mt 20,28).
5. Em vista disso e conscientes de que tais dinâmicas corroem o espírito colegial e dificultam eficazmente a renovação, bem como minam a confiança institucional, julgamos necessária uma intervenção normativa clara e direta, que favoreça, de fato, a caridade no serviço eclesial.
6. Por isso, movidos pela solicitude pastoral que nos incumbe enquanto Sucessor de Pedro e Bispo de Roma, e desejando que a Cúria Romana seja cada vez mais sinal de unidade, transparência e corresponsabilidade, determinamos, por meio deste Motu Proprio, tudo quanto se segue:
Art. 1º Todo clérigo (diácono, presbítero ou bispo) que servir à Cúria Romana poderá integrar, na condição de membro pleno, apenas um organismo curial (seja dicastério, conselho ou outro equivalente);Art. 2º Será permitido, todavia, que o mesmo clérigo presida um ou mais organismos, como dispõe a Sé Apostólica (na condição de prefeito, presidente, secretário ou equivalente) e integre um outro como membro pleno;Art. 3º Em nenhuma hipótese será admitido que o mesmo clérigo seja membro pleno de mais de um organismo ao mesmo tempo, ainda que em áreas afins ou de competência complementar.Art. 4º Os organismos curiais que atualmente contam com clérigos em múltiplas funções deverão adequar-se ao presente Motu Proprio no prazo de sete dias a contar da data de sua publicação, informando o processo de conformidade à esta Sé no tempo oportuno;Art. 5º Qualquer exceção a estas disposições só poderá ser concedida diretamente pelo Romano Pontífice ex audientia Sanctissimi, mediante rescrito específico e motivado, após parecer do Dicastério competente.
7. Conclamamos, finalmente, todos os nossos veneráveis irmãos no episcopado, os presbíteros e os diáconos que colaboram conosco na missão da Sé Apostólica nesta Sé virtual, a acolherem com espírito filial eclesial estas normas, não como um entrave, mas como uma oportunidade de conversão, de purgação da mentalidade e de renovação do serviço pastoral.
8. É tempo de superar as divisões, os círculos restritos de influência, os favoritismos persistentes e as fidelidades meramente humanas que, ao longo do tempo, obscurecem a beleza da comunhão eclesial e enfraquecem o testemunho do Evangelho pregado pela Comunidade. Na vida da Cúria Romana não deve haver lugar para elitismos disfarçados de competência, nem para lógicas que transformam o serviço em privilégio. A Cúria não é um novo coliseu (arena de competição), mas espaço de corresponsabilidade colegial e serviço ao Sucessor de Pedro. O serviço a esta Sé Apostólica deve ser expressão autêntica de pertença a Cristo e à Sua Igreja, jamais instrumento de promoção pessoal ou de construção de redes de conveniência.
9. Confiamos, sem mais, esta renovação à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, ao santos apóstolos Pedro e Paulo e a todos os santos que serviram com humildade e fidelidade à Cátedra Romana. Que o Espírito Santo, princípio de unidade e fonte de santidade, conduza todos os nossos esforços à plena conformação com a vontade de Deus.
10. Tudo quanto aqui foi deliberado tem força plena e estável de Direito, não obstante quaisquer disposições em contrário. Determinamos, ainda, que esta Carta Apostólica em forma de Motu Proprio seja publicada no jornal L’Osservatore Cubico, entrando em vigor na data de sua publicação, e posteriormente inserida nos Acta Apostolicae Sedis.
[ES]
1. El Señor Jesús, al constituir a los Apóstoles como fundamento visible de la Iglesia, les confió no simplemente una misión de gobierno, sino, sobre todo, una misión de caridad, servicio mutuo y verdadera comunión fraterna. El colegio apostólico, unido al Sucesor de Pedro, está llamado, en todo tiempo y lugar, a testimoniar este espíritu evangélico de unidad y de servicio abnegado, especialmente en aquellas estructuras que, de manera más inmediata, asisten al ministerio universal del Romano Pontífice.
2. La Curia Romana, en cuanto instrumento eficaz del ministerio petrino, debe resplandecer no solo por su competencia eclesial y técnica, sino –y ante todo– por su santidad de vida, espíritu de comunión y madurez eclesial. Esta no es únicamente una exigencia funcional, sino una condición fundamental para que la misión confiada a sus miembros produzca frutos de verdad y de caridad en la vida de la Comunidad.
3. Sin embargo, no sin dolor, nos vemos obligados a reconocer que, en no pocas ocasiones, el espíritu de fraternidad y unidad se ha visto oscurecido por una lógica mundana de preferencias personales, de compañerismos cerrados y de criterios particulares que contradicen el bien común de la Comunidad. Grupos selectos, formados entre miembros del episcopado y otros, promueven sistemáticamente los mismos nombres, las mismas figuras, y construyen verdaderos muros –invisibles pero sensibles– que excluyen a otros servidores del servicio a la Sede Apostólica, aun cuando estén dotados de celo, competencia y fidelidad eclesial.
4. Esta nociva cultura de connivencias cerradas –frecuentemente identificada como círculos de afinidad o preferencias personales dentro del clero: las “panelitas”– mina gravemente la auténtica catolicidad de la Comunidad eclesial. En lugar de confianza recíproca y comunión fraterna, se instaura un sistema de exclusiones y lealtades condicionadas, que favorece el carrerismo, la instrumentalización de los carismas y, no pocas veces, el clericalismo –a menudo enmascarado bajo el velo del celo o de una aparente gran disponibilidad.
Con inquietante frecuencia, el servicio eclesial tiende a reducirse a una lógica de ascenso institucional, donde los oficios y encargos son percibidos (y recibidos) no como expresión de una vocación y entrega oblativa, sino como peldaños en una trayectoria marcada únicamente por la ambición y la autorreferencialidad.
En este contexto, la vida de la Curia –y, por consiguiente, la de toda la Comunidad eclesial– corre el riesgo de degenerar en una representación funcionalista (RPG), donde los clérigos acumulan cargos y títulos no por un genuino discernimiento eclesial, ni por una necesidad pastoral concreta, ni en favor de la evangelización, sino impulsados por expectativas personales de reconocimiento o promoción. El resultado es una red de tareas desprovistas de alma, marcadas por un activismo estéril, fragmentación de propósitos y vaciamiento de la misión. Se multiplican los oficios, escasea la misión; abundan las funciones, pero falta el Espíritu.
Ministros ordenados que deberían ser, en esta porción del Pueblo de Dios presente en Minecraft, pastores y servidores de la comunión, se convierten, no pocas veces, en simples gestores de agendas, ocupantes de cargos en constante movilidad estratégica, con la esperanza de ser notados, recomendados o promovidos a otras dignidades. Esta mentalidad, profundamente dañina e incompatible con el Evangelio, pervierte la naturaleza del ministerio minecraftiano, transformando nuestra vocación común –como Comunidad– en una carrera, y la Curia en un escenario de proyecciones humanas, en contradicción con el ejemplo de nuestro Maestro, el Señor Jesucristo, que “no vino para ser servido, sino para servir” (cf. Mt 20,28).
5. En vista de ello, y conscientes de que tales dinámicas corroen el espíritu colegial y dificultan eficazmente la renovación, así como minan la confianza institucional, consideramos necesaria una intervención normativa clara y directa, que favorezca, de hecho, la caridad en el servicio eclesial.
6. Por eso, movidos por la solicitud pastoral que nos incumbe como Sucesor de Pedro y Obispo de Roma, y deseando que la Curia Romana sea cada vez más un signo de unidad, transparencia y corresponsabilidad, determinamos, por medio del presente Motu Proprio, lo que sigue:
Art. 1º Todo clérigo (diácono, presbítero o obispo) que sirva en la Curia Romana podrá integrar, en calidad de miembro pleno, solamente un organismo curial (sea dicasterio, consejo u otro equivalente);Art. 2º Se permitirá, no obstante, que el mismo clérigo presida uno o más organismos, según disponga la Sede Apostólica (en calidad de prefecto, presidente o equivalente), e integre otro como miembro pleno;Art. 3º En ningún caso será admitido que un mismo clérigo sea miembro pleno de más de un organismo al mismo tiempo, aun cuando pertenezcan a áreas afines o de competencia complementaria;Art. 4º Los organismos curiales que actualmente cuenten con clérigos en funciones múltiples deberán adecuarse al presente Motu Proprio en el plazo de sete días a partir de su publicación, informando del proceso de conformidad a esta Sede en tiempo oportuno;Art. 5º Cualquier excepción a estas disposiciones solo podrá ser concedida directamente por el Romano Pontífice ex audientia Sanctissimi, mediante rescripto específico y motivado, tras parecer del Dicasterio competente.
7. Invitamos, finalmente, a todos nuestros venerables hermanos en el episcopado, a los presbíteros y diáconos que colaboran con nosotros en la misión de la Sede Apostólica en esta Sede virtual, a acoger con espíritu filial y eclesial estas normas, no como un obstáculo, sino como una oportunidad de conversión, de purificación de mentalidades y de renovación del servicio pastoral.
8. Es tiempo de superar las divisiones, los círculos cerrados de influencia, los favoritismos persistentes y las lealtades meramente humanas que, con el tiempo, oscurecen la belleza de la comunión eclesial y debilitan el testimonio del Evangelio predicado por la Comunidad. En la vida de la Curia Romana no debe haber lugar para elitismos disfrazados de competencia, ni para lógicas que transforman el servicio en privilegio. La Curia no es un nuevo coliseo (una arena de competición), sino un espacio de corresponsabilidad colegial y servicio al Sucesor de Pedro. El servicio a esta Sede Apostólica debe ser expresión auténtica de pertenencia a Cristo y a su Iglesia, jamás instrumento de promoción personal o de construcción de redes de conveniencia.
9. Confiamos, sin más, esta renovación a la intercesión de la Bienaventurada Virgen María, Madre de la Iglesia, de los santos apóstoles Pedro y Pablo, y de todos los santos que sirvieron con humildad y fidelidad a la Cátedra Romana. Que el Espíritu Santo, principio de unidad y fuente de santidad, conduzca todos nuestros esfuerzos hacia la plena conformación con la voluntad de Dios.
10. Todo lo aquí deliberado tiene fuerza plena y estable de derecho, no obstante cualquier disposición en contrario. Determinamos que la presente Carta Apostólica en forma de Motu Proprio sea publicada en el periódico L’Osservatore Cubico, entrando en vigor en la fecha de su publicación, y posteriormente incluida en los Acta Apostolicae Sedis.

