DICASTÉRIO PARA O CLERO
CARTA AOS SACERDOTES NA OCASIÃO DA SÉ VACANTE
A ORAÇÃO PRESBITERAL: O CORAÇÃO ORANTE DO CLERO NO TEMPO SEDE VACANTE
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS NO MINISTÉRIO ORDENADO, E A TODOS AQUELES E ÁQUELAS QUE ESTAS LETRAS ALCANÇAREM,
SAUDAÇÃO E BENÇÃO NO SENHOR JESUS
INTRODUÇÃO
1. Com o coração da Igreja universal pulsando em prece e ardente esperança, dirigimo-nos a vós, queridos sacerdotes, neste tempo de Sé Vacante, momento de particular discernimento para toda a comunidade cristã. No passado 13 de Junho, Sua Santidade, o Sumo Pontífice Clemente III, com ardor e humildade que lhe são próprias, renunciou ao ministério petrino, iniciando um novo período na vida da Igreja. Tal como os Apóstolos que, após a ascensão do Senhor, "perseveravam unanimemente em oração, com algumas mulheres, e Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos d'Ele" (At 1,14), somos hoje provocados a intensificar a nossa comunhão física e espiritual, fatores os quais se percebem presentes em toda a vida da Igreja. É este um tempo propício para nos voltarmos com ainda maior fervor ao Senhor, confiando plenamente que Ele jamais desampara a Sua Igreja, guiando-a sempre pelo sopro vivificador do Espírito Santo.
2. Impulsionados, pois, pela autoridade que nos é conferida pela Sé Apostólica, e conscientes da nossa grave responsabilidade diante do ministério ordenado universal, apresentamos esta carta de orientação, esperançosos de que sirva como alento aos nossos presbíteros que vivenciam esta nova fase na Igreja. Desejamos que a mesma se torne um farol e um guia pastoral para todos os nossos sacerdotes, e, por seu intermédio, para toda a Igreja, fortalecendo-nos na unidade da prece e na vigilância espiritual.
3. Que a oração comum, e de modo especial aquela que brota do coração de cada presbítero, seja o cimento que nos une indissoluvelmente e a luz que ilumina cada passo no caminho, enquanto aguardamos com fé a eleição do novo Sucessor de Pedro, que o Senhor nos haverá de conceder segundo a Sua divina e inescrutável providência.
O QUE É O TEMPO SEDE VACANTE?
4. A Sé Vacante ou Sede Vacante é um termo em Latim que significa "Cadeira Vaga" ou "Trono Vazio", este termo refere-se ao tempo em que a Santa Sé está sem um Sumo Pontífice, se tornando Vago. A Sé Vacante é iniciada imediatamente após a Morte de um Sumo Pontífice em casos mais comuns, ou, neste caso na Renúncia do Papa como Líder da Igreja Católica. Neste tempo a Missão de guiar a Igreja recai sobre o Sacro Colégio Cardinalício, na pessoa do Carmelengo da Câmara Apostólica, que é responsável por organizar a Santa Sé no período de Sé Vacante.
5. Como dito anteriormente, a partir do momento que é decretado o Período de Sé Vacante, o governo da Igreja recai sobre o Colégio dos Cardeais, eles assumem a responsabilidade para Assuntos de rotina ou urgentes que não podem ser adiados. Também tendo como missão principal preparar a eleição do próximo Sucessor de Pedro. O Colégio Cardinalício não tem o poder de tomar decisões que normalmente são exclusivas do Santo Padre, como as Nomeações Episcopais. Neste período todos os Chefes de Dicastérios são demitidos da Cúria Romana e seus membros cessam as funções no período de Vacância da Sé.
6. No caso de o Sumo Pontífice renunciar ao seu Cargo, esta renúncia deve ser feita livremente e devidamente manifestada ao Colégio dos Cardeais pelo próprio Sumo Pontífice. Após isso o Cardeal Decano convoca todos os Cardeais a chegarem à cidade eterna para os próximos passos da Igreja. Tendo os Cardeais chegado a Roma, inicia-se as Reuniões para discutir o Futuro da Igreja, chamada de Congregações Gerais, que aborda vários temas sobre a Atual situação da Igreja Católica. Neste período a Casa Santa Marta é preparada para receber todos os Cardeais em Roma, com isso também se Organiza a Capela Sistina onde ocorrerá a Eleição. Transcorridos os dias após as Congregações Gerais, os Cardeais entram em Procissão na Capela Sistina após a Missa Pro Eligendo Sumo Pontifice, onde ali serão feitos os Escrutínios para eleição do novo Papa. Após cada votação o mundo receberá a resposta da Chaminé da Capela Sistina no qual se a Fumaça for Preta quer dizer que os Cardeais não elegeram um novo Papa, e se for Branca o novo Papa está eleito. Uma vez eleito o Cardeal e questionado se aceita a eleição como sumo pontífice e após a aceitação, o Cardeal anuncia o nome no qual será conhecido. Após a fumaça sair branca, o Cardeal Protodiácono faz o anúncio ao mundo, citando o Nome do Cardeal Eleito e como será conhecido o seu Pontificado.
A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO
NESTE PERÍODO DA IGREJA
7. Neste tempo de sede vacante, a Igreja vive um momento singular de expectativa, silêncio orante e profunda confiança na ação do Espírito Santo. A ausência de um Sumo Pontífice, embora possa causar uma natural apreensão nos corações dos fiéis, convida todo o Povo de Deus a intensificar sua vida de oração. A oração torna-se o bálsamo que acalma e a luz que orienta, curando as inquietações da alma e fortalecendo a esperança. Em meio às incertezas, é ela que sustenta a confiança da Igreja, iluminando o caminho enquanto aguardamos a escolha daquele que será o novo Sucessor de Pedro.
8. A oração neste tempo não é um gesto passivo, mas um ato profundamente eclesial, participativo e missionário. O sacerdote, como sentinela no templo, tem um papel essencial de intercessor, sendo chamado a intensificar sua oração pessoal e comunitária. Seja na Adoração ao Santíssimo Sacramento, na Liturgia das Horas ou nas celebrações eucarísticas, os pastores são convidados a elevar a Deus as preces de todo o povo, pedindo discernimento, sabedoria e docilidade ao Espírito Santo para os cardeais eleitores. A oração dos padres sustenta a fé do rebanho e fortalece a unidade da Igreja neste momento de transição.
9. Por isso, mais do que nunca, toda a Igreja, padres, religiosos e leigos, é convocada a permanecer unida em oração. Que este seja um tempo de verdadeira comunhão espiritual, em que cada comunidade se coloque em súplica diante de Deus, pedindo com fé e esperança um novo Papa segundo o Seu Coração. Que não nos deixemos dominar pela ansiedade ou pelas inquietações humanas, mas que sejamos perseverantes na oração, confiando plenamente na ação do Espírito Santo, que sempre conduz e renova a sua Igreja.
O PAPEL E O EMPENHO DOS SACERDOTES
NESTE PERÍODO
10. No tempo de sede vacante, quando a Cátedra de Pedro se encontra momentaneamente desocupada, ressoa com mais força a missão dos sacerdotes como vigias da fé e guardiões da esperança. A ausência do pastor universal não enfraquece a Igreja, mas desafia cada presbítero a assumir com ainda mais ardor o seu papel de presença de Cristo junto ao povo. Somos chamados a manter acesa a chama da fé — não apenas com palavras, mas sobretudo com gestos concretos de serenidade, zelo e confiança. A vida do sacerdote torna-se, nesse tempo, um sinal visível da estabilidade que vem de Deus, mesmo quando tudo parece incerto.
11. Esse é o momento em que o coração sacerdotal é mais exigido: na fidelidade à celebração digna dos sacramentos, na dedicação à catequese que forma e fortalece a todos, e na escuta silenciosa e compassiva das dores e esperanças da igreja universal. Cada atitude nossa tem o potencial de confirmar os irmãos na fé ou de os deixar desamparados. Por isso, o empenho sacerdotal agora não é apenas funcional ou litúrgico, mas profundamente espiritual e pastoral. É na humildade da escuta, na paciência com os pequenos, na firmeza serena diante das tribulações, que manifestamos nossa confiança em Deus e assim conduzir os irmãos a fazer o mesmo.
12. Consolidar a comunhão e a esperança em cada alma confiada a nós é uma tarefa que não se improvisa. Requer oração constante, vida interior profunda e renovada consagração ao serviço da Igreja. A ausência momentânea do Papa não deve nos paralisar, mas nos mover a sermos visivelmente instrumentos da unidade e da paz. Que sejamos, com a graça de Deus, pontes de comunhão, unindo nossas orações ao coração da Igreja, sustentando-a neste tempo de espera ativa, até que o Senhor nos conceda um novo Sucessor de Pedro.
CONCLUSÃO
13. Portanto, estimados irmãos no ministério, com os corações da Igreja universal unidos em prece e ardente esperança, o Dicastério para o Clero dirige-se a todos os sacerdotes neste tempo singular de Sé Vacante, iniciado pela renúncia de Sua Santidade, o Papa Clemente. Este é um período que nos convida a intensificar a comunhão espiritual, voltando-nos ao Senhor com fervor e plena confiança em Sua guia pelo Espírito Santo. A oração, longe de ser um gesto passivo ou sinal externo, emerge como um ato profundamente eclesial e missionário. Nesse cenário, o presbítero assume um papel essencial de intercessor, elevando as súplicas de todo o povo para que os cardeais eleitores sejam guiados e sustentados por discernimento sadio e sabedoria divina. A serenidade e o zelo da vida sacerdotal neste momento particular manifestam a estabilidade que emana de Deus, fortalecendo a fé do rebanho e consolidando a unidade da Igreja em meio à transição. Que a prece comum, nascida do coração de cada padre, seja o elo indissolúvel e a luz orientadora em cada passo, sustentando a Igreja em sua espera ativa até que o Senhor, em Sua providência inescrutável, nos conceda um novo Sucessor de Pedro.
Roma, 18 de Junho de 2025, ano da Esperança.
† Diogo Eugênio Ferretti, OFM
Praefectus
Sac. Wesley Max Bergoglio, SJSecretarius
MEMBROS:
Dom José Eliel Gomes, OFM
Dom Rhiquellme Silva, OFM
Dom Sergio Gómez
Mons. Leony Mariano
Mons. Lucas Henrique
Sac. Luis Román Galván