Querido Povo de Deus no Brasil,
Saúdo-vos com grande alegria e carinho nesta ocasião especial do Congresso Eucarístico Nacional, sediado na cidade do Rio de Janeiro, com o tema: "Eucaristia, fonte de vida e missão" e o lema: "Ide, pois, a caminho e convidem todos para o banquete" (Mt 22,9).
Com este novo Congresso, o povo brasileiro quer manifestar todo o fervor da sua fé e devoção. Embora restrito a poucos dias, exigiu longa e acurada preparação, que empenhou todo o Episcopado e clero, e particularmente o clero do Rio de Janeiro, onde se realizam as principais manifestações religiosas.
Foi muito feliz a escolha do tema: "Eucaristia, fonte de vida e missão".
Nunca, talvez, como hoje, os homens tiveram tanta necessidade de uma intensa alimentação sobrenatural para neutralizar e vencer o perigo de entorpecimento e morte espiritual a que o mundo expõe as almas. A Eucaristia, nas palavras do Mestre Divino, dá a verdadeira vida aos homens: "Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós" e: "quem comer deste pão, viverá eternamente" (Jo 6,53.58). São palavras muito claras e solenes. Jesus, com o seu corpo e sangue, alimenta as nossas almas, para que vivam a sua vida.
E a Igreja traduz para os homens, na sua linguagem materna, as mesmas palavras. Observemos todos os hinos e cânticos em louvor do Santíssimo Sacramento. Na sua liturgia, a Igreja quer que rezemos e cantemos Jesus na Eucaristia, como pão vivo que dá a vida ao homem, para que nos conceda a graça de viver sempre dele e de saborear a sua doçura. Porque é o pão dos anjos, feito alimento dos homens viadores, verdadeiro pão dos filhos. É o sagrado banquete em que a mente se enche de graça e de luz, e nos é dado o penhor da glória futura.
Mas, além da vida espiritual, a Eucaristia é também mistério de vida física: indiretamente, de vida física temporal, porque fomentando a vida cristã, os bons costumes, preserva de múltiplas enfermidades, que viciam o organismo e atormentam penosamente a existência pecadora; diretamente, de vida física eterna, porque, como Jesus nos assegura, os que o recebem com as devidas disposições têm certa a ressurreição gloriosa no último dia: 'et ego resuscitabo eum in novissimo die''.
Se, como sacramento, a Eucaristia é fonte de vida para o homem, como sacrifício renova e torna presente sobre o altar o Sacrifício do Calvário, cujos frutos aplica às almas. Sendo, pois, a Santa Missa o centro de toda a vida cristã, urge instruir cada vez melhor e estimular os fiéis a participarem ativamente ao Sacrifício Eucarístico, segundo as normas litúrgicas aprovadas pela Igreja.
Como a união com Jesus na Eucaristia reclama a mútua caridade dos fiéis entre si, da Santa Missa e da Comunhão os católicos hão de receber a força de darem à sociedade moderna o exemplo dos primeiros cristãos, que eram "cor unum et anima una", porque eram "perseverantes in... communicatione fractionis panis" (At 2,42).
Pedimos, pois, a Deus que abençoe os trabalhos do Congresso Eucarístico Nacional, tão diligentemente preparado, e confirme os seus votos, para que produza os melhores frutos espirituais e contribua eficazmente para a renovação religiosa e moral de toda a Nação em Cristo. Que o povo brasileiro, ajoelhado em volta do altar de Deus, aufira da Hóstia santa e imaculada nova luz e nova vida unificadora e alimentadora de amor.
Com estes sentimentos, concedemos, a todo o Episcopado Brasileiro, particularmente ao digníssimo Arcebispo do Rio de Janeiro, a todas as Autoridades presentes, bem como ao clero e religiosos, e a quantos, com as suas orações e sacrifícios, contribuíram para o bom êxito do Congresso, a Nossa especial Bênção Apostólica.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!