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COMUNIDADE CATÓLICA DE MINECRAFT - A UMA DÉCADA A SERVIÇO DA IGREJA

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Carta Pastoral "Memento Homo" | Pregador Apostólico

 Prot. N001/2024

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CARTA PASTORAL
“MEMENTO HOMO”
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DOM ANTÔNIO MATHEUS CARDEAL CARNEIRO
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
PREGADOR APOSTÓLICO DA CASA PONTIFÍCIA

aos veneráveis irmãos no episcopado, e a todos
que a esta lerem, graça e paz da parte de Deus, o Pai. 

1. Nestes momentos solenes em que iremos receber as cinzas sobre nossas cabeças, somos convidados a mergulhar profundamente no espírito do tempo quaresmal. As palavras do apóstolo Paulo ressoam em nossos corações: "É este o tempo favorável, é este o dia da salvação" (2 Cor 6, 2). A Quaresma é um período propício para retornarmos ao essencial, para nos despojarmos do que nos sobrecarrega e para nos reconciliarmos com Deus.

2. O gesto simbólico das cinzas nos orienta em dois caminhos importantes. Em primeiro lugar, convida-nos a retornar à verdade de nós mesmos. As cinzas recordam-nos de nossa origem humilde, de que somos obra das mãos de Deus. Somos formados do pó da terra, e é somente com a respiração vital que Ele nos concedeu que existimos. A Quaresma é um tempo de humildade, um convite para reconhecermos nossa dependência de Deus e nossa fragilidade. Ao inclinarmos a cabeça para receber as cinzas, lembramo-nos de que pertencemos ao Senhor, que nos conhece em nossa essência de pó da terra.

3. Neste período de Quaresma, somos desafiados a despir as máscaras que usamos diariamente, a abandonar a pretensão de autossuficiência e a evitar colocar-nos no centro do universo. A Quaresma é um chamado à conversão, a começar pela transformação interna, pela mudança na maneira como nos enxergamos. Muitas vezes, distraímo-nos com desatenções superficiais, esquecendo-nos do verdadeiro propósito de nossa existência. Este é o tempo favorável para confrontar as falsidades e hipocrisias em nossas próprias vidas, para lutar contra a ilusão de que somos autossuficientes.

4. No entanto, o convite das cinzas vai além do retorno à verdade de nós mesmos. Ele também nos chama a regressar a Deus e aos nossos irmãos. Reconhecemos que nossa vida é uma série de relações: com Deus e com os outros. A presunção de autossuficiência e a idolatria do eu são opções destrutivas que nos isolam na solidão. A Quaresma nos convida a reavivar nossas relações, a abrir-nos à oração, a quebrar as correntes do individualismo e do isolamento. Somos desafiados a redescobrir a beleza do encontro e da escuta, a amar nossos irmãos e irmãs como verdadeiros filhos de Deus.

5. Como podemos trilhar este caminho? As vias clássicas da esmola, oração e jejum são apresentadas a nós como guias. Estas não são meras práticas externas, mas expressões de uma renovação interior. A esmola não é apenas um gesto para aliviar nossa consciência, mas um tocar real nos sofrimentos dos pobres. A oração não é um ritual vazio, mas um diálogo sincero e amoroso com o Pai. O jejum não é um sacrifício superficial, mas um treinamento espiritual para renunciar ao supérfluo e tornar-nos interiormente mais livres.

6. Neste caminho quaresmal, lembremo-nos de que nossas ações devem refletir a sinceridade da alma e a coerência das obras. Não busquemos aprovação externa, mas busquemos o olhar de Deus, que lê o amor e a verdade em nossos corações. Ao fixarmos nossos olhos em Jesus crucificado, respondamos generosamente aos apelos da Quaresma. Que, ao final deste período, possamos ressurgir com alegria das cinzas, encontrando o Senhor da vida. Que Deus nos abençoe nesta jornada quaresmal. 

 Roma, Palácio Apostólico, a 13 de fevereiro,
do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2024.

+ Antônio Matheus Card. Carneiro
Pregador Apostólico