AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Ao estimado irmão Rikelme Winchester
Feitosa, à até então Congregação dos Carmelitas
de Maria Imaculada, e a todos que esta lerem ou
desta tomarem conhecimento, saudação e bênção apostólica.
“Disse-lhes também esta comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. Disse ao viticultor: - Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno? Mas o viticultor respondeu: - Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás.”
Desde os tempos do nosso venerável predecessor, o Papa Pio IV, tem havido discussões recorrentes sobre o possível fechamento da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada. No entanto, ao longo dos tempos, sempre se buscou encontrar meios de auxiliar essa estimada Congregação em seu processo de reerguimento e renovação.
Analogamente, é oportuno recordar o trecho bíblico mencionado acima, que nos fala sobre a figueira estéril. Segundo a parábola, quando uma figueira não produz frutos durante certo período de tempo, chega o momento em que é necessário cortá-la, para que não se torne um fardo inútil, prejudicando o crescimento e o desenvolvimento das demais figueiras.
Embora seja desejável encontrar alternativas que permitam o reerguimento da Congregação, é importante reconhecer que, em certos casos, medidas drásticas podem se fazer necessárias. Se a Congregação não tem sido capaz de florescer e produzir frutos espirituais ao longo de um período substancial de tempo, pode ser inevitável considerar o fechamento, a fim de evitar que se torne um fardo para si mesma e cause danos ao trabalho e à vitalidade da Comunidade.
No entanto, é imprescindível enfatizar que essa decisão não foi tomada de forma precipitada ou insensível. Se buscou o discernimento espiritual, a consulta aos membros do Conselho de Cardeais e ao Interventor Apostólico. O processo de avaliação foi conduzido com sensibilidade, compaixão e respeito pelos membros da Congregação, reconhecendo suas contribuições e dedicando atenção às dificuldades enfrentadas.
Deste modo, considerando as circunstâncias excepcionais e os desafios enfrentados pela Congregação há um certo tempo, após cuidadosa reflexão e consulta, chegamos à conclusão de que é necessário encerrar os trabalhos que outrora foi exercido pela Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada. Levando em consideração os princípios fundamentais do bem comum e a harmonia dentro da Igreja, bem como a salvaguarda da fé e da disciplina eclesiástica, tomamos esta decisão em nome da unidade e do bem-estar do Povo de Deus.
Para maior ciência do povo de Deus, para que não se tenha questionamentos sobre o fechamento, deixamos claro algumas das razões para o fechamento da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada, como a seguir:
I. Declínio numérico e vocacional: A Congregação experimentou um declínio significativo no número de membros e um déficit na obtenção de novas vocações ao longo dos últimos anos. Esse declínio coloca em risco a sustentabilidade e a continuidade da Congregação como um todo.
II. Desvio do carisma original: Ao longo do tempo, observou-se uma gradual mudança de foco e desvio do carisma original da Congregação. Essa distorção tem impactado negativamente a identidade e a missão dos Carmelitas de Maria Imaculada, impedindo-os de cumprir plenamente seu propósito inicial. Poderia-se dizer que se tornou um antro de amizades, sem sentido na Comunidade.
III. Diminuição da eficácia apostólica: A Congregação lutou para responder adequadamente aos desafios pastorais e da época atual. As mudanças nas necessidades pastorais da Comunidade e sua evolução exigem uma resposta ágil e eficaz, algo que a Congregação não foi capaz de oferecer.
Portanto, usando de nossa autoridade apostólica, sob inspiração Divina, havendo sido analisado as conversas, consultas e trabalhos, decretamos o fechamento e encerramento definitivo dos trabalhos da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada, iniciada em vinte e um de março de dois mil e vinte e um. Além disso, também decretamos que os antigos membros da extinta Congregação não têm nenhuma prerrogativa para usar hábitos, insígnias, nomenclaturas ou casas que pertenciam à Congregação.
Instruímos os membros da extinta Congregação a cooperarem plenamente com a Santa Sé e com suas autoridades eclesiásticas diocesanas para facilitar uma transição suave e ordenada. Eles são encorajados a buscar discernimento espiritual e orientação para discernir seu futuro e encontrar maneiras significativas de continuar servindo a Deus e à Igreja. Os sacerdotes, entrem em contato com o Dicastério para o Clero, para que sejam devidamente orientados.
Finalmente, exorto todo o Povo de Deus a rezar por aqueles que foram membros da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada, para que encontrem consolo, discernimento e novas oportunidades de servir ao Reino de Deus.
Dado e passado em Roma, junto de São Pedro, aos quatorze dias do mês de junho do Ano da graça de nosso Senhor, Jesus Cristo, de dois mil e vinte e três, primeiro de nosso Pontificado.
✠ PAVLVS PP. II
Pontifex Maximvs
Ego subscriptum,
✠ Henrique Card. GÄNSWEIN
Secretarivs Statvs
“Entre nas páginas da história que tive coragem de fechar
esta Congregação, até indo contra meus princípios
de consagrado”.
- Pp Paulo II