MENSAGEM DO SANTO PADRE, PAPA JOÃO
AOS FIÉIS BRASILEIRO, EM A PREPARAÇÃO
DO CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL
IOANNES, EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI
À Arquidiocese de São Salvador da Bahia,
no Brasil, e a todos que desta lerem ou desta
tomarem conhecimento, saudação e bênção apostólica.
já se ouvem as melodias e cánticos do magnífico Congresso Eucarístico, e eis que o Brasil católico já se reúne, na terra de todos os Santos, a cidade de São Salvador, para celebrar mais um Congresso Eucarístico Nacional.
Com este novo Congresso, o povo brasileiro quer manifestar todo o fervor da sua fé e devoção. Embora restrito a poucos dias, exige longa e acurada preparação, que empenhou todo o clero, e particularmente o Prelado da Arquidiocese onde se realizam as principais manifestações religiosas.
Foi muito feliz a escolha do tema: “Quem comer deste Pão”.
Nunca, talvez, como hoje, os homens tiveram tanta necessidade de uma intensa alimentação sobrenatural para neutralizar e vencer o perigo de entorpecimento e morte espiritual a que o mundo expõe as almas.
A Eucaristia, nas palavras do Mestre Divino, dá a verdadeira vida aos homens. “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós”, e: “quem comer deste pão, viverá eternamente” (Jo 6,53/58). São palavras muito claras e solenes. Jesus, com o seu corpo e sangue, alimenta as nossas almas, para que vivam a sua vida.
E a Igreja traduz para os homens, na sua linguagem materna, as mesmas palavras. Hajam em vista todos os hinos e cânticos em louvor do Santíssimo Sacramento. Na sua liturgia quer que rezemos e cantemos a Jesus na Eucaristia, como pão vivo que dá a vida ao homem, para que nos conceda a graça de viver sempre d’Ele e de saborear a sua doçura. Porque é o pão dos anjos, feito alimento dos homens viadores, verdadeiro pão dos filhos. E o sagrado banquete em que a mente se enche de graça e de luz, e nos é dado o penhor da gloria futura.
Mas, além da vida espiritual, a Eucaristia, — como disse o Venerável Papa Pio XII — “é também mistério de vida física: indiretamente, de vida física temporal, porque fomentando a vida cristã, os bons costumes, preserva de múltiplas enfermidades, que viciam o organismo e atormentam penosamente a existência pecadora”. Diretamente, de vida física eterna, porque, como Jesus nos assegura, os que o recebem com as devidas disposições, têm certa a ressurreição gloriosa no último dia: ”e Eu o ressuscitarei mó último dia”.
Se, como sacramento, a Eucaristia é fonte de vida para o homem, como sacrifício renova e torna presente sobre o altar o Sacrifício do Calvário, cujos frutos aplica às almas. Sendo, pois, a Santa Missa o centro de toda a vida cristã, urge instruir cada vez melhor e estimular os fiéis a participarem ativamente ao Sacrifício Eucarístico, segundo as normas litúrgicas aprovadas pela Igreja.
Como a união com Jesus na Eucaristia reclama a mútua caridade dos fiéis entre sí, da Santa Missa e da Comunhão, os católicos hão-de receber a força de darem à sociedade moderna o exemplo dos primeiros cristãos, que eram “um só corpo e uma só alma”, porque eram “perseverantes em [...] comum, na fração do pão” (At 2,42).
Pedimos, pois, a Deus que abençoe os trabalhos do Congresso de Salvador, tão diligentemente preparado, e confirme os seus votos, para que produza os melhores frutos espirituais e contribua eficazmente para a renovação religiosa e moral de toda a Nação em Cristo. Que o povo brasileiro, ajoelhado em volta do altar de Deus, aufira da Hóstia santa e imaculada nova luz e nova vida unificadora e alimentadora de amor.
Com estes sentimentos, concedemos ao nosso dileto Cardeal Núncio, a todo o Episcopado Brasileiro, particularmente ao digníssimo Arcebispo de Salvador, a todas as Autoridades presentes, bem como ao clero e religiosos, e a quantos, com as suas orações e sacrifícios, contribuíram para o bom êxito do Congresso, a Nossa especial Bênção Apostólica.
Dado e passado em Roma, junto de São Pedro, aos trinta e um dias do mês de março, do Ano Santo Vocacional de dois mil e vinte e três, segundo de nosso Pontificado.
✠ IOANNES PP.
Pontifex Maximus